Lula em discurso no G20: Uma crítica contundente ao investimento em guerras e à falta de ação contra a fome
Presidente aponta desigualdade e falência do neoliberalismo, ao mesmo tempo em que denuncia a omissão global diante de crises humanitárias
Durante sua participação na Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poupou críticas às prioridades globais de líderes mundiais, destacando a falência do sistema neoliberal e o custo humano das escolhas políticas, incluindo os investimentos exorbitantes em conflitos armados. Em uma análise feroz da atual situação mundial, Lula criticou as invasões de Gaza e da Ucrânia, enquanto apontava a ausência de ações concretas no combate à fome, um dos temas centrais da sua agenda.
“Não é surpresa que a desigualdade fomente o ódio, o extremismo e a violência”, disse o presidente, em um discurso que ressaltava a ligação direta entre a desolação social e o crescente autoritarismo global. Para Lula, as crises econômicas, muitas vezes alimentadas por políticas neoliberais, têm alimentado as tensões geopolíticas, enquanto as populações mais vulneráveis continuam sendo as mais afetadas, com seus direitos e dignidade constantemente relegados ao esquecimento.
Em uma crítica sutil, mas certeira, à administração anterior, o presidente destacou que, enquanto o mundo se afunda em uma espiral de guerras, a verdadeira batalha contra a pobreza e a fome parece não ter sido sequer mencionada nas grandes esferas de poder. “A globalização neoliberal fracassou. O mundo está pior, e ao invés de investir em paz, seguimos gastando fortunas em guerras e em soluções militares que só perpetuam o sofrimento”, afirmou.
A crítica a políticas unilaterais e a sanções econômicas, que ele vê como forma de intensificar as desigualdades, também foi um ponto central de sua fala. Lula ressaltou que tais medidas não apenas afetam as economias, mas, sobretudo, a vida das populações mais carentes, deixando-os à mercê de crises intermináveis e sistemáticas.
Em um momento de grande indignação, o presidente brasileiro propôs uma taxação sobre os super-ricos como uma possível solução para financiar iniciativas de combate à desigualdade. Para ele, uma taxa de 2% sobre os mais ricos poderia gerar bilhões, que seriam mais bem aplicados na solução de problemas globais urgentes, como fome e desigualdade social.
Lula, mais uma vez, mostrou sua disposição em defender um Brasil mais solidário e com um papel protagonista em questões globais. Porém, sua fala também refletiu a constante frustração com a inércia de outros líderes internacionais e a falta de ação concreta para resolver os problemas que afligem milhões de pessoas ao redor do mundo.