Lula em Paris: “Regular as redes e a IA é proteger a democracia”

Lula em Paris: “Regular as redes e a IA é proteger a democracia”


Durante discurso na Universidade de Paris 8, presidente critica descontrole digital e defende educação como pilar contra desigualdade e extremismo.

Durante sua passagem por Paris nesta sexta-feira (6), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a urgência de estabelecer regras claras para o funcionamento das redes sociais e a utilização da inteligência artificial. Em sua fala na Universidade de Paris 8, onde foi homenageado com o título de doutor honoris causa, Lula foi direto: a ausência de regulação só favorece as grandes corporações.

Segundo ele, os avanços proporcionados pela IA são promissores, mas os perigos que a cercam também exigem vigilância. Lula adiantou que, durante a próxima cúpula dos Brics, que acontecerá este mês no Brasil, será firmada uma declaração conjunta sobre a governança dessa tecnologia.

No discurso, ele também destacou o papel transformador da educação. “Muita gente escolhe o que quer estudar, mas milhões nem têm esse direito porque nasceram pobres. Isso não é natural e não pode ser aceito”, disse. Para Lula, só o Estado é capaz de garantir igualdade de oportunidades — citando como exemplo programas como o ProUni e o Fies.

Ele aproveitou para alfinetar as elites brasileiras do passado, que, segundo ele, não priorizaram a educação como forma de desenvolver o país. “Que tipo de elite é essa que ignorou a importância de preparar seu povo para competir na indústria e no comércio?”, questionou. Lula também revelou planos de criar uma universidade voltada aos povos indígenas e outra especializada em esportes, a exemplo da Unila (Universidade de Integração Latino-Americana).

Outro ponto central de sua fala foi a ampliação da educação em tempo integral, com um currículo mais conectado à vida real e à crise climática. O objetivo, segundo ele, é alfabetizar 80% das crianças até o fim do segundo ano do ensino fundamental até 2030. “Educação é a ferramenta mais poderosa para transformar a sociedade”, afirmou.

Como já havia feito em coletiva no dia anterior, Lula não poupou críticas ao genocídio na Faixa de Gaza e à guerra na Ucrânia. Ele classificou o extremismo como uma ameaça direta às instituições democráticas e alertou para o uso político da desinformação. “A extrema direita tem medo da educação porque sabe que é dela que nasce a consciência crítica. E por isso atacam estudantes e professores — tal como faziam as ditaduras do século passado”, alertou.

Encerrando o discurso, Lula disse que se sentia honrado com o título concedido pela universidade, mas destacou que a homenagem era, acima de tudo, um reconhecimento da força do povo brasileiro. “Esse diploma é mais sobre a resistência do nosso povo do que sobre qualquer feito meu”, concluiu.

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