Lula enfrenta vaias e críticas na Marcha dos Prefeitos em Brasília

Lula enfrenta vaias e críticas na Marcha dos Prefeitos em Brasília

Presidente reage a protestos e rebate fala da CNM sobre decisão do STF durante evento marcado por tensão com lideranças municipais

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viveu um clima tenso nesta terça-feira (20), ao participar da abertura da 26ª Marcha dos Prefeitos, em Brasília. Diante de uma plateia formada majoritariamente por gestores municipais, Lula foi recebido com vaias em sua chegada, no início de sua fala e também ao final do discurso. Apesar de ter recebido alguns aplausos, as manifestações de protesto dominaram o ambiente.

Sem responder diretamente às vaias, Lula preferiu rebater, com ironia, o discurso inflamado feito minutos antes por Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Ziulkoski havia criticado duramente uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que exige mais transparência na destinação de emendas parlamentares — medida que, segundo ele, atrapalha o trabalho dos prefeitos.

“Hoje, o presidente da CNM voltou a ser o velho Paulo Ziulkoski, com aquele discurso mais forte, como se espera de quem representa os prefeitos”, disse Lula, em tom de alfinetada, deixando claro que ouviu — e não ignorou — as críticas.

O líder da CNM acusou o STF de burocratizar as emendas e reclamou da exigência de que deputados justifiquem o destino de seus recursos. “É um absurdo que o parlamentar tenha que explicar para onde vai a emenda”, disparou Ziulkoski.

Além de lidar com os ânimos exaltados dos prefeitos, Lula aproveitou o momento para fazer um aceno político ao ministro da Casa Civil, Rui Costa. E o elogiou como “o mais bem-sucedido governador da Bahia”, destacando seu papel estratégico no governo, num gesto que soou como tentativa de fortalecimento interno após rumores de tensão envolvendo a primeira-dama Janja.

A Marcha dos Prefeitos é considerada o principal evento do municipalismo brasileiro, reunindo milhares de lideranças locais de todo o país. Só em 2024, foram mais de 14 mil participantes. Lula já havia sido vaiado na edição anterior do encontro, o que mostra que sua relação com os prefeitos segue marcada por atritos.

Neste ano, o presidente dividiu o palco com o vice Geraldo Alckmin, além dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em uma tentativa de reforçar institucionalmente sua presença — ainda que os ânimos no plenário tenham revelado um desconforto crescente entre o Planalto e os municípios.

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