
Lula Opta por Distância: Presidente não Participará da Posse de Maduro
Relações entre Brasil e Venezuela se desgastam após cobranças por transparência no processo eleitoral
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não comparecer à posse de Nicolás Maduro, marcada para o dia 10 de janeiro. No lugar do petista, quem representará o Brasil será a embaixadora Gilvânia Maria de Oliveira, designada para manter a presença diplomática na cerimônia.
Um Relacionamento em Declínio
Aliados históricos, Lula e Maduro enfrentam atualmente um período de distanciamento, marcado por tensões diplomáticas e declarações públicas que expuseram divergências. Em 2023, os dois líderes se encontraram em Brasília, ocasião em que Lula defendeu o venezuelano e condenou as sanções internacionais contra a Venezuela. Contudo, a relação começou a se deteriorar em março de 2024, quando o Brasil, com aval de Lula, manifestou “preocupação” com a transparência das eleições no país vizinho.
A crise ganhou força quando o governo brasileiro cobrou a divulgação das atas eleitorais, consideradas essenciais para confirmar ou questionar o resultado que deu a Maduro seu terceiro mandato. A oposição venezuelana sustenta que essas atas provariam a vitória de Edmundo Gonzáles, enquanto o regime de Maduro as mantém sob sigilo, respaldado pelo Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela.
Brasil e Venezuela: Diplomacia em Xeque
Embora o Brasil tenha evitado reconhecer formalmente a vitória de Maduro, também não endossou a posição da oposição. Esse posicionamento reflete a tentativa do governo brasileiro de manter os canais diplomáticos abertos, sem, contudo, fechar os olhos para as denúncias de irregularidades.
No entanto, episódios recentes, como a retirada do embaixador venezuelano de Brasília em resposta a declarações críticas de Celso Amorim, assessor especial de Lula, demonstram que a confiança entre os dois governos está abalada.
Impacto Regional e Diplomático
A ausência de Lula na posse de Maduro é mais um capítulo na reconfiguração da política externa brasileira em relação à Venezuela. A decisão de enviar um representante em vez de comparecer pessoalmente simboliza um esforço para preservar a diplomacia, mas também reafirma a postura crítica do Brasil em relação às práticas eleitorais do governo Maduro.
A relação entre os dois países segue incerta, com desafios que podem influenciar não apenas as dinâmicas bilaterais, mas também a posição do Brasil como mediador na América Latina.