
“Lula rebate críticas sobre Lava Jato e juros em entrevista ao Fantástico”
“Presidente insiste que não teve direito de defesa, mas Globo destaca julgamento em três instâncias”
Lula enfrenta questionamentos sobre corrupção e economia em entrevista ao Fantástico
Em sua primeira aparição na TV após receber alta médica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de uma entrevista no programa Fantástico, da TV Globo, no domingo (15). Durante a conversa com a jornalista Sônia Bridi, Lula falou sobre sua recuperação, a situação econômica do país e sua controversa condenação no âmbito da Lava Jato.
O programa adotou um tom crítico ao questionar o presidente sobre suas declarações de que não teve direito de defesa antes de ser preso em 2018. A Globo enfatizou que o ex-presidente foi condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em três instâncias judiciais, com decisões unânimes de nove magistrados diferentes.
Apesar disso, Lula reiterou sua posição de vítima de perseguição judicial. “Fui condenado sem provas. Não tive direito de defesa real. Tudo foi arquitetado para me tirar da eleição de 2018”, disse o petista.
A emissora, no entanto, pontuou que os processos passaram por rigorosos trâmites legais e que a sentença foi confirmada por instâncias superiores, incluindo o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Economia e juros: embate com o mercado
Outro ponto de tensão na entrevista foi a política econômica do governo, em especial a alta taxa básica de juros. Questionado sobre as críticas frequentes ao Banco Central e à taxa Selic, Lula atribuiu a responsabilidade às decisões da autarquia, mantendo sua postura de contestação ao patamar atual, acima de 12%.
“O mercado financeiro quer jogar a culpa no governo, mas quem define a taxa de juros é o Banco Central. Nós estamos trabalhando para equilibrar as contas e proteger o povo pobre. Não vou aceitar que nos culpem por algo que não controlamos diretamente”, afirmou.
A Globo rebateu ao lembrar que, em seus mandatos anteriores, o presidente manteve diálogo mais próximo com o mercado financeiro, o que ajudou a estabilizar a economia. Desta vez, os atritos têm gerado desconfiança entre investidores e dificultado negociações no Congresso para a aprovação de medidas fiscais.
Presidente tenta mudar narrativa
Mesmo com as críticas, Lula aproveitou o espaço para reforçar seu compromisso com a responsabilidade fiscal e com políticas sociais. Ele reafirmou que seu objetivo é retomar o crescimento econômico sem prejudicar os mais pobres.
“Quando deixei o governo, entreguei o Brasil numa situação privilegiada. É isso que quero fazer novamente. Mas não será o mercado que vai decidir os rumos do país, e sim o governo, com responsabilidade”, afirmou.
A entrevista, marcada por trocas diretas entre Lula e a jornalista, evidenciou os desafios do presidente em reconstruir sua imagem após os episódios da Lava Jato e em lidar com uma economia que ainda sofre os efeitos de anos de instabilidade política e fiscal.