
Lula sem rumo: entre o passado glorioso e um presente que cobra respostas
Para Bloomberg, presidente brasileiro se apega a antigas fórmulas em um cenário que exige renovação — e isso tem cobrado caro em popularidade e confiança do mercado.
Em uma análise publicada nesta segunda-feira (10), a agência Bloomberg traçou um cenário crítico sobre o atual momento político e econômico vivido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O texto sugere que o presidente, antes celebrado como “o político mais popular do mundo”, parece ter perdido o norte diante dos desafios contemporâneos do Brasil.
A reportagem aponta que Lula vive um “declínio surpreendente” e parece estar “preso ao passado”, tentando replicar práticas dos seus primeiros mandatos em uma realidade muito mais complicada e resistente a essas fórmulas. Mesmo mantendo uma agenda diplomática ativa — com viagens à China e encontros com líderes mundiais —, as ações internacionais destoam dos problemas não resolvidos dentro do país.
Segundo a Bloomberg, durante sua visita recente a Pequim, o petista adotou uma postura “mais desafiadora do que nunca”, fechando acordos comerciais, criticando Donald Trump e buscando manter-se no centro dos holofotes internacionais. No entanto, essa visibilidade externa não é suficiente para mascarar os problemas internos.
A publicação destaca fatores que vêm desgastando a imagem do presidente: inflação acima de 5%, economia estagnada e aumento nos gastos públicos. Apesar de dados positivos como o crescimento de 3,4% do PIB em 2024 e a queda no desemprego, a percepção negativa persiste.
A crítica também se estende à condução econômica, considerada antiquada. Medidas como o aumento do IOF (posteriormente revogado) e a tentativa de isentar salários de até R$ 5.000 do Imposto de Renda são vistas como fontes de instabilidade que provocaram desconfiança no mercado.
No campo político, a agência afirma que Lula demonstra resistência a críticas e só ouve um grupo cada vez mais restrito de aliados. O texto ressalta que sua liderança aparenta fadiga, e que ele não tem demonstrado disposição para preparar um sucessor ou renovar o projeto do PT — partido que, segundo a Bloomberg, deixou de ser um espaço de inovação desde que concentrou todas as energias na libertação de Lula após sua prisão.
A reportagem ainda observa que o presidente continua apostando em velhos temas, como a busca por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e grandes obras de infraestrutura como motor da economia. Ao mesmo tempo, segue em rota de colisão com o Banco Central e em constante tensão com o mercado financeiro.
Para a Bloomberg, o Lula de 2025 está preso a um modelo que já não encontra eco na realidade atual — e isso tem cobrado um preço alto em termos de apoio, governabilidade e confiança institucional.