Lula tenta repetir o passado para resgatar prestígio em queda

Lula tenta repetir o passado para resgatar prestígio em queda

Em meio à pior avaliação de seu mandato, presidente revive estratégias de 2005 com pacotes sociais e troca de nomes, tentando reconquistar apoio sem tirar o comando do PT

Diante da piora nas pesquisas e da crescente insatisfação popular, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem recorrido a um velho manual de sobrevivência política. Assim como em 2005, após o escândalo do Mensalão, Lula aposta em medidas de alívio no bolso do eleitor e em mudanças pontuais nos bastidores do governo para tentar virar o jogo.

Aumentar a faixa de isenção do Imposto de Renda e reforçar o Auxílio Gás são algumas das cartadas do presidente, que segue a lógica de expansão dos programas sociais que marcaram seu primeiro mandato. A ideia é simples: fazer o dinheiro chegar às famílias mais vulneráveis e, com isso, recuperar terreno entre os eleitores.

Além disso, Lula tem mexido nas peças do tabuleiro político dentro do Palácio do Planalto. O publicitário Sidônio Palmeira assumiu a Secretaria de Comunicação no lugar do deputado Paulo Pimenta, e a senadora Gleisi Hoffmann foi escalada para liderar a articulação política, substituindo Alexandre Padilha, agora no Ministério da Saúde. Apesar das trocas, o controle segue nas mãos do PT, numa repetição do movimento que Lula fez há vinte anos, quando também buscava reagrupar forças no Congresso.

A estratégia, no entanto, divide opiniões. Para alguns analistas, Lula está “olhando pelo retrovisor”, tentando aplicar soluções do passado em um país que mudou – e muito – desde então. Já aliados próximos garantem que não há uma receita engessada, e que o presidente está apenas respondendo aos desafios do presente com o repertório que conhece.

Segundo pesquisa do Datafolha divulgada recentemente, 38% da população avalia o governo como ruim ou péssimo – o segundo pior índice desde o início do terceiro mandato, atrás apenas dos 41% registrados em fevereiro deste ano. Do outro lado, apenas 29% consideram a gestão ótima ou boa, número que lembra os tempos de desgaste de 2005, no auge da crise política que quase custou a reeleição de Lula.

Naquela época, o presidente também promoveu ajustes na comunicação e articulação política. O então secretário de Relações Institucionais, Aldo Rebelo, do PCdoB, foi trocado por Jaques Wagner, um nome mais próximo do Congresso. Agora, Gleisi ocupa papel semelhante, com a missão de consolidar uma base aliada mais sólida.

Mas até aqui, como admitem até petistas mais experientes, ainda não houve uma real renovação. É o governo de sempre tentando sobreviver em um país que já não é mais o mesmo.

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