
Lula troca comando do INSS e aposta em técnico com histórico de combate à corrupção
Gilberto Waller Júnior, novo presidente do INSS
Escolha de Gilberto Waller Júnior foi pessoal do presidente e marca afastamento de Carlos Lupi do processo. Nomeação visa reforçar auditoria e enfrentar fraudes no sistema.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu intervir diretamente na escolha do novo comando do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Ele nomeou o procurador federal Gilberto Waller Júnior como novo presidente da autarquia, em decisão oficializada na noite desta quarta-feira (30), por meio de uma edição extra do Diário Oficial da União.
A substituição ocorre poucos dias após o afastamento de Alessandro Stefanutto, que caiu logo após a deflagração da operação “Sem Desconto”, que investigou fraudes e descontos irregulares nos contracheques de aposentados. A decisão de Lula foi interpretada dentro do Palácio do Planalto como uma medida de controle direto sobre o órgão, contornando o ministro da Previdência, Carlos Lupi, que chegou a defender Stefanutto horas antes de sua exoneração.
A escolha de Waller foi feita após uma série de conversas ao longo do dia com ministros de peso, como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), Vinicius Carvalho (Controladoria-Geral da União) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social). Carlos Lupi, por sua vez, foi deixado de fora da discussão.
Coube à ministra Gleisi telefonar para dar a notícia ao novo chefe da autarquia. Segundo interlocutores do Planalto, Lula optou por alguém com sólida formação técnica e experiência em gestão e controle, características consideradas essenciais diante das recentes denúncias de irregularidades.
Gilberto Waller Júnior tem um currículo extenso na administração pública. Formado em Ciências Jurídicas e Sociais, com pós-graduação em Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro, ele iniciou sua carreira como procurador do INSS em 1998. Foi corregedor-geral da autarquia entre 2001 e 2004 e também ocupou a função de subprocurador-geral entre 2007 e 2008.
Ao longo dos anos, Waller também atuou em cargos de destaque na Controladoria-Geral da União, como ouvidor-geral (2016–2019) e corregedor-geral (2019–2023). Atualmente, exercia a função de corregedor na Procuradoria-Geral Federal, vinculada à Advocacia-Geral da União (AGU).
A aposta do governo agora é que Waller, com seu histórico voltado à integridade institucional, ajude a limpar a imagem do INSS e rever processos internos que permitiram que aposentados fossem prejudicados por práticas fraudulentas. Sua chegada ao cargo simboliza, além da tentativa de reorganizar a casa, uma clara mensagem de que Lula está disposto a intervir diretamente quando a credibilidade dos órgãos públicos está em risco.