Lula visita acampamentos do MST em meio ao Abril Vermelho

Lula visita acampamentos do MST em meio ao Abril Vermelho

Pressionado por invasões de terra e cobranças por mais agilidade na reforma agrária, presidente acena ao MST com visitas ao Pará e Paraná

Em meio às tensões do chamado Abril Vermelho, período marcado por mobilizações e ocupações de terra organizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve se encontrar com integrantes do movimento em duas viagens previstas para este mês. Até agora, já foram contabilizadas 28 invasões de terra em todo o país.

De acordo com lideranças do MST e fontes ligadas ao governo, Lula estará no Pará no próximo dia 25 e, cinco dias depois, no Paraná. Em ambas as ocasiões, a expectativa é de que o presidente anuncie ações voltadas à reforma agrária, incluindo a criação de um novo assentamento no Sul do país.

Embora somente a viagem ao Pará tenha sido oficialmente confirmada até agora — com visita programada ao município de Parauapebas para anunciar medidas do programa Terra da Gente —, representantes do MST garantem que Lula também visitará o acampamento Maila Sabrina, no Paraná, onde vivem cerca de 1.600 famílias há mais de duas décadas esperando a regularização da área.

As visitas ocorrem em um momento delicado para o governo. Apesar de iniciativas recentes, como a liberação de linhas de crédito para assentamentos, o MST tem criticado a lentidão das ações e exige medidas mais concretas. Segundo Ceres Hadich, da coordenação nacional do movimento, a presença de Lula é um gesto simbólico importante:

— É uma resposta do presidente às demandas dos movimentos sociais, uma forma de mostrar que está, de fato, do lado do povo.

Em nota divulgada no início de abril, o MST cobrou do governo urgência em políticas mais abrangentes e estruturadas para enfrentar a crise agrária e combater a miséria no campo. Eles também defendem a valorização da agricultura camponesa como parte de um projeto de país mais justo.

O Abril Vermelho é marcado em memória do massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido em 1996, quando 21 trabalhadores rurais foram assassinados pela polícia no Pará. Desde então, o mês de abril tem sido palco de manifestações para pressionar os governos por avanços na distribuição de terras.

O movimento também tem feito críticas ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmando que a pasta tem falhado em priorizar o tema e sugerindo sua substituição por alguém com maior ligação com o campo.

O Planalto, por sua vez, pede paciência aos militantes, alegando que a situação orçamentária é delicada e que o programa de reforma agrária herdado estava praticamente parado desde o governo Michel Temer. Ainda assim, há esperança de que a presença de Lula traga novos ventos às pautas históricas do campo.

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