
Lula Visita Assentamento do MST pela Primeira Vez no Mandato
Presidente deve anunciar medidas para reforma agrária em encontro com trabalhadores rurais no Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará, nesta sexta-feira (7), sua primeira visita oficial a um acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desde o início de seu mandato. O local escolhido para o encontro é o Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, Minas Gerais, onde o governo pretende anunciar novas políticas para agricultores familiares e trabalhadores sem terra.
Entre as medidas esperadas, está o assentamento de 12 mil famílias, além da criação de linhas de crédito para produtores rurais. A visita acontece em meio a cobranças do MST, que exige mais avanços na reforma agrária. O movimento pressiona o governo a regularizar, ainda este ano, 65 mil das 100 mil famílias que aguardam o assentamento. No entanto, o governo projeta assentar apenas 20 mil até dezembro, um número considerado insuficiente pelos líderes do movimento.
Além da questão da reforma agrária, a visita de Lula ao assentamento ocorre em um momento de tensão política. O Abril Vermelho, período em que o MST intensifica ocupações de terras consideradas improdutivas, preocupa o governo. No ano passado, o movimento realizou 35 ocupações e manifestações em sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em todo o país, aumentando os atritos com setores do agronegócio e com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA).
O Quilombo Campo Grande, onde o evento será realizado, abriga mais de 459 famílias que ocuparam as terras da antiga Usina Ariadnópolis, falida desde os anos 1990. A área passou por diversas tentativas de despejo, mas uma decisão recente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) abriu caminho para a desapropriação e entrega das terras às famílias. A expectativa é que Lula oficialize esse processo na sexta-feira.
Outro ponto de pressão do MST é o orçamento do Incra, que no ano passado foi de R$ 567 milhões – bem abaixo dos valores investidos nos governos anteriores de Lula, quando o orçamento anual chegava a R$ 3,6 bilhões. O movimento exige mais recursos para acelerar a regularização de terras e fortalecer a agricultura familiar.
A presença de Lula no assentamento sinaliza um esforço para equilibrar sua relação com o MST, um dos principais apoiadores de sua campanha, e responder às demandas do movimento sem agravar conflitos com o agronegócio e o Congresso, que já tentou enfraquecer o MST com a criação de uma CPI e a aprovação de projetos que dificultam a regularização de terras ocupadas.