
Lupi na corda bamba: governo Lula tenta blindar ministro em meio a escândalo bilionário no INSS
Márcio Macêdo afirma que não há provas contra o titular da Previdência, apesar da Polícia Federal ter desmontado um esquema que sangrou bilhões dos cofres públicos
Em meio ao escândalo que escancarou um rombo bilionário nos cofres do INSS, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo, saiu em defesa de Carlos Lupi, atual chefe do Ministério da Previdência. Mesmo com as revelações explosivas da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, Macêdo garantiu que não há qualquer indício que ligue Lupi ao esquema fraudulento.
“Não existe nada que desabone o ministro. Nenhum indício de que ele tenha participado”, afirmou Macêdo durante um evento do Dia do Trabalho em São Paulo. Ele representava o presidente Lula, que evitou comparecer às manifestações sindicais deste 1º de maio.
Perguntado sobre a gravidade das fraudes no INSS, Macêdo disse que o governo fez sua parte ao permitir que os órgãos de controle investigassem com liberdade e que medidas rápidas foram tomadas. “Aqueles que tiverem qualquer envolvimento serão responsabilizados na forma da lei”, prometeu.
Para ele, é preciso separar “o joio do trigo” para que aposentados e pensionistas, principais vítimas da farra com o dinheiro público, não sejam ainda mais prejudicados. “O que foi desviado precisa ser devolvido a quem é de direito”, acrescentou.
Rombo bilionário e servidores afastados
A operação Falso Égide, conduzida pela PF, revelou que desde 2019 um grupo operava dentro do INSS com a ajuda de servidores públicos, usando documentos falsos, laudos médicos adulterados e acessos indevidos aos sistemas do órgão para liberar aposentadorias e pensões fraudulentas. O prejuízo estimado chega a R$ 6,3 bilhões.
A Justiça já determinou o afastamento de cinco servidores de alto escalão do INSS, além da prisão de seis suspeitos e o bloqueio de R$ 50 milhões em bens. Embora o governo prometa ressarcir os aposentados lesados, até agora não há definição sobre quando ou como isso acontecerá.
Silêncio e desconversas
Enquanto a pressão sobre Carlos Lupi aumenta, o presidente Lula evita se manifestar abertamente. Ministros próximos, como Lewandowski, também preferem desconversar. A base do governo, por sua vez, se esforça para conter os danos políticos e garantir a sobrevivência do ministro da Previdência.