Mais de 7 milhões vivem do Bolsa Família há mais de uma década

Mais de 7 milhões vivem do Bolsa Família há mais de uma década

Programa que deveria ser ponte para autonomia virou moradia fixa para milhões, mostrando falhas profundas na saída da pobreza

Uma pesquisa feita pelo Poder360 revelou um dado que deveria incomodar mais gente: 20,6 milhões de famílias brasileiras recebem atualmente o Bolsa Família. O problema não é o número em si — afinal, a pobreza existe, e o auxílio é necessário —, mas o fato de que, dessas famílias, pelo menos 7 milhões estão há mais de dez anos no programa, sem nunca terem conseguido sair dele.

É como se o que deveria ser uma ponte virou uma residência permanente. O Bolsa Família nasceu para ajudar quem está em situação de vulnerabilidade a se reerguer, criar alternativas, estudar, aprender uma nova profissão e seguir em frente com as próprias pernas. Mas parece que esse caminho ficou travado no meio.

Quando um terço dos beneficiários está há mais de uma década recebendo o auxílio, sem nenhuma perspectiva de autonomia, é sinal de que a estrutura falhou. Falhou o poder público, falhou a assistência social, falhou a política de geração de emprego e renda.

Não é sobre culpar quem recebe. É sobre exigir que o sistema funcione para dar dignidade, e não para manter as pessoas presas num ciclo de dependência eterna. Como já cantava Luiz Gonzaga, “a esmola, quando demais, o homem vicia e humilha”. Não é só sobre dinheiro — é sobre autoestima, sobre futuro.

Enquanto isso, o Brasil convive com uma sensação de insegurança generalizada. Em outra pesquisa, 80% dos brasileiros dizem ter medo ao ver uma moto com garupa se aproximando. Não é paranoia: é o reflexo de um país onde as políticas públicas falham tanto na proteção quanto na inclusão.

É duro, mas necessário, dizer: estamos empurrando milhões para uma sobrevivência sem perspectiva. E isso não é justiça social — é abandono disfarçado de ajuda.

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