Mais um escândalo arquivado: Toffoli livra Alckmin de investigação sobre repasses da Odebrecht
Em mais um episódio que escancara o abismo entre a justiça para poderosos e o restante da população, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu arquivar a ação de improbidade administrativa contra o vice-presidente Geraldo Alckmin. O processo, movido pelo Ministério Público de São Paulo, tratava de um suposto repasse de caixa dois da Odebrecht para a campanha de Alckmin em 2014, quando ele se reelegeu governador de São Paulo.
Baseando-se na anulação das provas obtidas por meio dos sistemas Drousys e MyWebDay B da Odebrecht, Toffoli concluiu que o caso não tinha condições de seguir na 13ª Vara Cível de São Paulo. Mais uma vez, provas são descartadas e a ação enterrada, como se o envolvimento de figuras públicas em esquemas de corrupção fosse um detalhe insignificante.
As provas, anteriormente validadas em outros processos da Lava Jato, agora são vistas como ilícitas. Para Marcos Monteiro, ex-tesoureiro da campanha de Alckmin e apontado como intermediário do recebimento dos R$ 8,3 milhões, a decisão parece uma vitória. Já para o povo brasileiro, é mais um golpe na esperança de que a justiça, um dia, trate a corrupção de políticos com a seriedade que merece.
Enquanto isso, a defesa de Alckmin celebra o arquivamento como se fosse a absolvição de um santo. Afirma que a decisão “põe fim a uma injustiça”, alegando que a trajetória do vice-presidente sempre esteve pautada “pelos mais elevados padrões éticos e morais”. Para a população, fica a impressão de que as palavras “ética” e “moral” já perderam qualquer valor quando vindas de um sistema que protege os poderosos.
É mais um capítulo no longo romance entre a impunidade e as altas esferas do poder. Mais uma vez, os escândalos são apagados, e o ciclo da corrupção segue, imune às tentativas de responsabilização.