Marcelo Odebrecht falava em ter Toffoli como aliado
Na manhã desta quarta-feira, 6 de setembro, o ministro Dias Toffoli, membro do Supremo Tribunal Federal (STF), tomou a decisão de anular as evidências obtidas pela equipe da Operação Lava Jato que derivaram de depoimentos de ex-funcionários da empreiteira Odebrecht sob o regime de delação premiada. Essa determinação gerou ressurgimento nas redes sociais de um vídeo onde Marcelo Odebrecht, um dos proprietários da construtora, faz menção direta ao magistrado.
Marcelo Odebrecht, neto do fundador da empresa, mencionou nominalmente Dias Toffoli durante um de seus depoimentos à Polícia Federal. De acordo com o material resgatado por internautas, Marcelo Odebrecht revelou que estabeleceu contato com Toffoli na época em que o magistrado aguardava aprovação pelo Senado para sua nomeação no STF. O empresário justificou esse contato afirmando que via potencial em Toffoli e o considerava um futuro aliado.
Dias Toffoli foi indicado para o STF por Luiz Inácio Lula da Silva em 2009, quando ele ocupava o cargo de Advogado-Geral da União. Na mesma data em que anulou as provas relacionadas à Odebrecht, Toffoli também expressou críticas à prisão de Lula. O ex-presidente, que é o atual chefe de Estado, passou um ano e sete meses na prisão, de abril de 2018 a novembro de 2019, em decorrência de acusações no âmbito da operação da Polícia Federal.
No depoimento onde mencionou o interesse em ter Dias Toffoli como um “aliado futuro”, Marcelo Odebrecht confirmou que Toffoli era conhecido como o “amigo do amigo do meu pai”, termo que foi divulgado em uma reportagem da revista Crusoé em abril de 2019. Vale destacar que essa reportagem foi alvo de censura pelo ministro Alexandre de Moraes na época, sendo que Toffoli alegou ser vítima de fake news.
Segundo Marcelo Odebrecht, o “amigo do amigo do meu pai” se referia a Lula, que era uma pessoa próxima ao pai de Marcelo, Emílio Odebrecht.
Marcelo Odebrecht, que foi um dos colaboradores da Operação Lava Jato, foi detido em 2016. Inicialmente, ele foi condenado a uma pena de 19 anos de prisão, sendo acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Entretanto, ele passou apenas alguns meses na prisão, sendo liberado em 2017. Em abril do ano passado, o ministro Edson Fachin, também do STF, reduziu sua pena para 7 anos de prisão.
Em uma reportagem de destaque na Edição 180 da Revista Oeste, é mencionada a “A volta da Odebrecht” (agora com o nome Novonor). O artigo, escrito por Carlo Cauti, relembrava depoimentos premiados e citava um trecho de um relatório da ONG Transparência Brasil que apontava US$ 3,4 bilhões em “pagamentos e/ou lucros oriundos da corrupção” associados à empreiteira. Esse relatório classificava o caso da Odebrecht como o “mais bem organizado caso de corrupção já desvendado na história do capitalismo.”