Márcia Lima deixa ministério com críticas à comunicação do governo Lula

Márcia Lima deixa ministério com críticas à comunicação do governo Lula

Ex-secretária de Políticas Afirmativas aponta invisibilidade de ações do MIR e falta de articulação entre pastas; agora, ela assume cargo no Ipea

A saída de Márcia Lima do Ministério da Igualdade Racial não foi apenas uma troca de cargo, mas um recado direto ao governo Lula. Em tom respeitoso, mas firme, ela expôs uma crítica que já ecoa entre os bastidores de Brasília: o Planalto falha na forma como comunica o que os ministérios realmente fazem — especialmente quando se trata de políticas públicas estruturantes que não têm rosto nem palco, mas que mudam vidas.

Na terça-feira (8), ao anunciar que deixaria a Secretaria de Políticas Afirmativas, Márcia reconheceu o empenho e a competência da equipe de comunicação do próprio ministério, que ela classificou como uma das melhores da Esplanada. Mas a falha, segundo ela, está acima: o problema é a forma como o governo federal, como um todo, comunica (ou não comunica) os feitos das pastas. Para ela, há um excesso de foco em figuras públicas e pouca atenção às políticas concretas.

Um exemplo disso é o programa Juventude Negra Viva, um projeto ambicioso com orçamento de R$ 660 milhões e 217 ações distribuídas entre 18 ministérios. Márcia relata que, mesmo com tamanho alcance, a iniciativa foi praticamente invisível para a população — resultado de uma comunicação frágil e de uma articulação política travada.

A crítica se estende também à forma como a mídia cobre o Ministério da Igualdade Racial. Para ela, a ministra Anielle Franco, embora seja uma figura de destaque, acaba sendo tratada como o centro das atenções, enquanto o trabalho coletivo e as políticas públicas desenvolvidas pelo órgão ficam em segundo plano.

Márcia lembrou ainda que o próprio presidente Lula cobrou mais engajamento dos ministros em 2024, pedindo que o programa Juventude Negra Viva fizesse parte de suas agendas e falas públicas. Mas, segundo ela, isso pouco avançou.

Agora, Márcia parte para uma nova jornada no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), onde vai comandar a Diretoria de Estudos e Políticas Sociais. Ela diz que, longe das amarras burocráticas e da disputa por protagonismo político, espera ter mais liberdade para pensar e propor políticas públicas com profundidade — e com o devido reconhecimento que, segundo ela, faltou dentro do governo.

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