Margareth Menezes recebeu R$ 640 mil por apresentações em Salvador e Fortaleza enquanto ocupava cargo público

Margareth Menezes recebeu R$ 640 mil por apresentações em Salvador e Fortaleza enquanto ocupava cargo público

Enquanto milhares de brasileiros lutam para pagar as contas, a ministra da Cultura, Margareth Menezes, faturou impressionantes R$ 640 mil de dinheiro público para cantar no Carnaval de 2025. O valor, equivalente a mais de um ano do seu salário no governo, foi pago pelas prefeituras de Salvador e Fortaleza, o que gerou indignação e questionamentos sobre ética e conflito de interesses.

A cantora e ministra realizou sete shows entre 27 de fevereiro e 4 de março, sendo três bancados pelas prefeituras, três apoiados pelo governo da Bahia e um de caráter privado. No entanto, nem o governo estadual nem a assessoria da artista revelaram os valores pagos pelas apresentações financiadas com dinheiro público estadual.

Uso de dinheiro público e contradições

O pagamento dos cachês da ministra com verba pública vai contra uma decisão da Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP), de março de 2023, que determinava que Margareth Menezes deveria “se abster de receber remuneração, vantagens ou benefícios dos entes públicos de qualquer esfera de Poder”. Porém, de forma conveniente, a comissão mudou sua posição recentemente, permitindo que a ministra fosse contratada por estados e municípios, desde que sem o uso de recursos federais.

Contratos sem licitação

Os contratos foram fechados sem licitação, um procedimento comum para a contratação de artistas. A empresa Pedra do Mar Produções Artísticas LTDA, que gerencia a carreira de Margareth, recebeu os valores pelas apresentações. Até agosto de 2024, a própria ministra era sócia da empresa, mas transferiu sua participação para a empresária Jaqueline Matos de Azevedo, que continua representando a artista.

Os números são altos: só em Salvador, a Saltur (Empresa Salvador Turismo) pagou R$ 290 mil por duas apresentações de Margareth. Em Fortaleza, a prefeitura desembolsou R$ 350 mil para um único show. Desses, R$ 150 mil foram diretamente para o cachê da ministra, além de gastos com empresários, equipe técnica, passagens, hospedagem e impostos.

Margareth em cima do trio elétrico e a moralidade em xeque

Durante os shows, Margareth Menezes não apenas se apresentou, mas também elogiou publicamente as gestões que a contrataram. “A cidade está linda! Parabéns ao governo da Bahia e à Prefeitura de Salvador pelo Carnaval maravilhoso que estamos fazendo!”, disse a ministra, misturando política e entretenimento.

O episódio levanta questões cruciais: é aceitável que um membro do alto escalão do governo se beneficie diretamente de contratos públicos enquanto ocupa o cargo? A justificativa de que os recursos não vieram do governo federal é suficiente para afastar o evidente conflito de interesses?

A revolta da população cresce diante da aparente blindagem política. O que deveria ser um exemplo de gestão ética acaba se tornando mais um caso que escancara a flexibilização das regras quando convém ao governo. O caso de Margareth Menezes deixa claro que, no Brasil, ética e política ainda dançam conforme a música do poder.

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