Marina Silva dispara: “Essa lei vai abrir guerra fiscal e destruir o meio ambiente”

Marina Silva dispara: “Essa lei vai abrir guerra fiscal e destruir o meio ambiente”

Ministra bate de frente com projeto que desmonta regras de licenciamento e alerta para o caos ambiental e jurídico que pode vir aí.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, não poupou palavras. Em entrevista nesta segunda (2) à Rádio Eldorado, ela deixou claro que o governo está lutando por mais tempo para discutir o projeto de lei que muda as regras do licenciamento ambiental. O texto, que já passou pelo Senado, deve ser votado na Câmara nas próximas semanas — e acendeu todos os alertas na área ambiental.

Segundo Marina, se essa proposta for aprovada do jeito que está, o resultado não será agilidade, como os defensores prometem. Pelo contrário: “Vai ser judicialização em massa. Em vez de acelerar, vai travar tudo”, disparou.

O problema é que, dentro do próprio governo Lula, há um racha. Enquanto a ala ambiental — liderada por Marina — tenta segurar o retrocesso, outros ministros, como Carlos Fávaro (Agricultura), estão do outro lado, defendendo a mudança. Para Fávaro, a nova lei “avança sem precarizar”.

O fim de semana foi marcado por protestos em capitais como São Paulo e Brasília, onde manifestantes foram às ruas em defesa da ministra e contra o projeto. Na semana passada, a tensão subiu tanto que Marina acabou abandonando uma audiência pública no Senado depois de discussões acaloradas e acusações de desrespeito.

A pressão, agora, se volta para quatro emendas apelidadas de “jabutis”, que, na prática, liberam obras altamente questionadas — como a BR-319, que corta a Amazônia, e até a exploração de petróleo na Foz do Rio Amazonas.

“Estão tentando desmontar a coluna vertebral da proteção ambiental no Brasil. Quem é contra o meio ambiente está se aproveitando para me atacar e sabotar essa agenda”, afirmou Marina, visivelmente indignada.

Ela ainda fez um alerta grave: com esse novo licenciamento, vai começar uma “guerra fiscal ambiental”, onde estados e municípios vão começar a afrouxar as regras pra atrair investimentos de qualquer jeito, sem olhar os impactos.

Após o episódio no Senado, Marina correu até o presidente da Câmara, Hugo Motta, e pediu para que ele suspendesse a votação. Segundo ela, ele prometeu conversar com os líderes, inclusive da bancada ruralista, pra tentar achar uma saída.

Questionada sobre se Lula pode vetar o projeto caso seja aprovado, Marina admitiu que existem contradições dentro do governo. Ainda assim, garantiu: “Me sinto acolhida. Nada do que estou fazendo seria possível sem o apoio do presidente e do trabalho coletivo de outros ministros.”

O fato é que, enquanto o Ibama segue sendo pressionado para liberar a exploração de petróleo na região mais sensível da costa brasileira, o país assiste a um embate que vai definir o futuro não só da Amazônia, mas da credibilidade do Brasil na pauta ambiental global — incluindo a COP-30, que acontecerá justamente aqui.

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