“Mau” e “Deco”: quem são os membros do PCC “donos” da Cracolândia
Dupla de criminosos comanda uma “rede hoteleira” usada pelo PCC para estocar e distribuir drogas na Cracolândia
A dupla está atualmente no topo da hierarquia do crime organizado na Cracolândia, conforme organograma da Polícia Civil desenvolvido a partir de investigações do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc). Eles recebem auxílio de suas esposas, que também não foram presas na megaoperação realizada na quinta-feira (13/6). A defesa dos casais não foi encontrada, mas o espaço segue aberto para manifestações.
Os hotéis e pensões vinculados ao PCC e controlados pela dupla foram alvos de 140 mandados de busca e apreensão cumpridos na capital paulista nessa quinta-feira. Ao todo, 20 suspeitos foram presos, 15 deles em flagrante.
Herdeiro do quadrilátero
Antes de “Mau”, a administração das hospedarias da facção estava nas mãos de Fabiana Regina de Souza, de 49 anos, entre 2016 e 2017. Na época, a concentração de dependentes químicos estava localizada no “quadrilátero da Cracolândia”, centrado no cruzamento da Rua Helvetia com a Alameda Dino Bueno.
Fabiana perdeu o cargo após ser presa e está sendo investigada em oito inquéritos por tráfico de drogas na região. Sua irmã, Selma Aparecida de Souza, assumiu o posto, mas também foi presa pelos mesmos motivos. Selma, que é investigada em dez inquéritos por tráfico de drogas, foi sucedida por Mau.
As investigações do Denarc indicam que Mau coordenou a migração do fluxo de usuários de drogas em março de 2022, cerca de dois meses após assumir a liderança, para a Praça Princesa Isabel. Nas proximidades da praça, ele adquiriu novas hospedarias, já que os hotéis herdados de Selma foram lacrados em uma ação conjunta entre a polícia e a Prefeitura de São Paulo. Mau sempre estava acompanhado de sua esposa, Marilene Borges Coelho.
Mau foi escolhido como líder pela facção devido ao seu conhecimento do fluxo e sua habilidade para operar os empreendimentos da organização criminosa.
O “disciplina” do PCC na Cracolândia
Adilson Gomes da Silva, o “Deco”, é considerado pela Polícia Civil como uma liderança importante do PCC na Cracolândia, atuando como homem de confiança de Mau. Ele possui uma hospedaria na Alameda Barão de Piracicaba, conhecida pelos usuários de droga como “hotel do PCC”. Deco é casado com Paula Pereira Rocha, que também estaria envolvida na administração dos imóveis usados pela facção.
Deco compartilhava as funções de “disciplina” na região com Sidney “Zen”, até que este foi preso. Os disciplinas do PCC são responsáveis por resolver conflitos e aplicar punições a membros da facção ou a quem descumpra as regras de conduta impostas pelo crime organizado.
As punições são decididas nos “tribunais do crime”, realizados nas dependências do hotel de Deco ou em um estacionamento ao lado da hospedaria dele, administrado por sua esposa, segundo as investigações do Denarc.
Conforme mostrado pelo Metrópoles, em um desses “julgamentos”, um usuário de crack foi condenado à morte por um furto, mas teve a “sentença” convertida para internação compulsória por intervenção de Paula, esposa de Deco.
O alto escalão do PCC na região continua foragido, longe da estrutura que gerenciam e que é utilizada para abastecer o tráfico de drogas na Cracolândia.
Megaoperação
A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta quinta-feira (13/6), uma megaoperação na Cracolândia com o objetivo de desmantelar hotéis e pensões usados pelo PCC para operar o tráfico de drogas local. Esses estabelecimentos também são usados para a realização dos “tribunais do crime”.
As investigações do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc) revelam que a Cracolândia persiste, apesar de um longo histórico de investidas policiais e de outros órgãos do poder público, devido a essa “rede hoteleira”, usada como depósito de drogas pela facção.
Dos 140 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) a pedido da Polícia Civil, 90 miram os hotéis e pensões no entorno do fluxo de usuários de drogas.
As cargas de drogas são escondidas de forma fragmentada em quartos de difícil localização e, em alguns casos, clandestinos.
FONTE: Metrópoles