
Mauro Cid é solto após ação da PF e nega plano de fuga com passaporte português
STF revoga prisão do ex-ajudante de Bolsonaro, investigado por suposta tentativa de deixar o Brasil com ajuda do ex-ministro Gilson Machado
O tenente-coronel Mauro Cid, que já foi homem de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), foi alvo de uma nova operação da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (13). A ação incluiu mandado de busca e apreensão e chegou a determinar sua prisão, mas a ordem foi rapidamente revertida por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar da revogação, Cid foi conduzido à sede da PF em Brasília para prestar depoimento. A operação tem como pano de fundo a investigação de uma possível tentativa de fuga do país, por meio da emissão de um passaporte português. A suspeita é de que o documento teria sido articulado com a ajuda do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, preso no mesmo dia em Recife (PE).
Investigação mira tentativa de obstrução
O caso ganhou força depois que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, pediu a abertura de um inquérito contra Gilson Machado. Ele é acusado de tentar atrapalhar a apuração sobre a organização criminosa que, segundo as autoridades, atuou para tentar manter Bolsonaro no poder por vias ilegais em 2022.
A PF afirma que Machado buscou apoio do consulado de Portugal em maio deste ano para agilizar a emissão de um passaporte europeu para Mauro Cid. Embora o documento não tenha sido entregue, a iniciativa levantou suspeitas de obstrução de Justiça.
Além disso, o ex-ministro também é investigado por ter promovido uma campanha de arrecadação de doações via Pix em favor de Bolsonaro, utilizando suas redes sociais — o que reforçou os sinais de mobilização em torno do ex-presidente e seus aliados.
Cid diz que não tentou fugir
Durante o depoimento, Mauro Cid negou que tivesse intenção de sair do Brasil para escapar das investigações. Segundo a defesa, ele apenas deu entrada no processo de cidadania portuguesa em 2023, o que também teria sido feito por outros membros da sua família. Ainda segundo seus advogados, ele desconhecia qualquer movimentação feita por Gilson Machado nesse sentido.
Cid é uma figura central nas apurações sobre a tentativa de golpe em 2022. Após firmar um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, ele revelou bastidores das articulações que teriam buscado manter Bolsonaro no poder mesmo após a derrota nas urnas. Cid já havia sido preso anteriormente por suspeita de fraudes em cartões de vacinação e, depois, novamente por dizer em áudios que foi pressionado por autoridades a colaborar nas investigações.
Agora, ele e Bolsonaro, além de outros seis aliados, são réus no STF como parte do núcleo estratégico envolvido no plano golpista. Todos foram interrogados pela Primeira Turma do Supremo nesta semana. A suspeita mais recente — de que ele estaria tentando deixar o país com ajuda de um aliado — apenas reacendeu a tensão sobre o papel de Cid nesse processo.