Mendonça insiste em afastar Moraes, mas fica isolado no STF

Mendonça insiste em afastar Moraes, mas fica isolado no STF

Único a votar contra a permanência de Alexandre de Moraes, ministro indicado por Bolsonaro defendeu impedimento em julgamento de ex-assessor do ex-presidente

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a defender o afastamento do colega Alexandre de Moraes em um julgamento que envolve Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar da posição, Mendonça ficou sozinho: a maioria da Corte decidiu manter Moraes como relator do processo.

A votação ocorreu de forma virtual e se encerrou às 23h59 da última terça-feira (16). No recurso apresentado pela defesa de Martins, acusado de integrar organização criminosa e de tentar abolir, de forma violenta, o Estado Democrático de Direito, os advogados pediram o impedimento de Moraes, além de Flávio Dino, Cristiano Zanin e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Mendonça foi o único a acolher parcialmente o pedido — concordou com o afastamento de Moraes, mas rejeitou os demais. Em seu voto, argumentou que “os atos executórios atingiriam diretamente o ministro relator”, o que, na visão dele, comprometeria a isenção no caso.

Essa, porém, não é a primeira vez que Mendonça tenta tirar Moraes do caso. Ele já havia defendido o afastamento em uma votação anterior, que também terminou com maioria a favor da permanência de Moraes. Na ocasião, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, já havia rejeitado os pedidos da defesa, que então recorreu — sem sucesso.

Moraes, Zanin e Dino se declararam impedidos de votar sobre os próprios afastamentos, mas acompanharam Barroso na decisão de manter os demais integrantes no julgamento.

Com esse novo voto, Mendonça reforça sua atuação alinhada aos interesses do bolsonarismo, mesmo que isoladamente, num Supremo cada vez mais coeso na condução dos processos ligados aos ataques de 8 de janeiro e às tentativas de golpe.

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