Mesmo sem conseguir controlar os incêndios no Brasil, Lula defenderá soluções para a crise climática em seu discurso na ONU.
O evento tem início na terça-feira, dia 24, e, como é tradição, o Brasil será o primeiro a discursar na abertura da reunião.
É quase inacreditável que, em meio ao caos das queimadas que engolem o país, o presidente Lula embarque para Nova York neste sábado, 21 de setembro, para participar da Assembleia-Geral da ONU. Enquanto a Amazônia arde e a fumaça toma conta do céu de mais de dez estados, Lula e sua comitiva levantam voo rumo a uma reunião internacional onde, ironicamente, ele deve falar sobre a preservação ambiental. Parece uma piada de mau gosto, mas é a realidade que estamos vivendo.
O Brasil, que tradicionalmente abre os discursos na Assembleia, terá Lula como porta-voz. Ele vai se levantar diante de líderes mundiais e falar sobre como “cuida” da Amazônia, mesmo com o INPE mostrando que em 2024 mais de 224 mil km² de território brasileiro já foram consumidos pelo fogo – o pior cenário em 14 anos. Mas parece que, para Lula, tudo isso é um mero detalhe que pode ser esquecido em nome de um discurso bonito e hipócrita.
A comitiva que o acompanha é uma verdadeira demonstração de desconexão com o que acontece no país. Ministros de diversas pastas, como Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas), também estarão presentes, enquanto as queimadas seguem devastando não apenas a floresta, mas o futuro de milhares de brasileiros que dependem dela. É revoltante ver esse teatro enquanto o país queima.
O contraste entre o que Lula diz lá fora e o que acontece aqui é gritante. Enquanto ele se coloca como o protetor da Amazônia no palco internacional, aqui dentro ele culpa o agro, os agricultores, os adversários políticos, qualquer um que não seja ele. E isso soa como uma tragédia anunciada, uma tentativa desesperada de escapar da responsabilidade, tal como alguém que tenta se livrar de uma culpa jogando lama em outros – mas a sujeira continua lá, manchando sua própria imagem.
A ironia é tamanha que chega a dar náusea. O Brasil, um dos países mais ricos em biodiversidade, está sendo sufocado por suas próprias chamas, enquanto seu presidente gasta fôlego e recursos em discursos vazios para plateias internacionais. Ao invés de liderar uma resposta imediata e eficiente aqui, preferem a narrativa.