
Milei sugere que USaid pode ter influenciado eleições no Brasil
Presidente argentino reforça tese de interferência externa durante discurso nos EUA
Durante sua participação na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), nos Estados Unidos, o presidente da Argentina, Javier Milei, mencionou a possibilidade de que a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USaid) tenha influenciado as eleições presidenciais brasileiras de 2022.
Em seu discurso, Milei criticou a atuação de organizações não governamentais e afirmou que muitas delas recebem recursos públicos para promover agendas políticas. Ele citou diretamente a USaid, alegando que a agência teria destinado milhões de dólares para financiar veículos de mídia e apoiar projetos que favoreceriam determinados candidatos.
“As múltiplas ONGs, que vivem dos nossos impostos, dos subsídios à cultura para produzir propaganda e, aqui nos Estados Unidos, o escândalo da USaid, que destinava milhões de dólares dos pagadores de impostos para financiar revistas e canais de televisão, fraudes eleitorais como no Brasil ou governos com aspirações discriminatórias como o da África do Sul”, declarou Milei.
A hipótese ganhou força após declarações de Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado dos EUA durante o governo de Donald Trump. Em uma entrevista recente, Benz afirmou que a USaid teria reforçado o financiamento estrangeiro a grandes instituições brasileiras a partir de 2018, com o objetivo de minar o governo Bolsonaro, visto pela agência como “antidemocrático”.
As alegações provocaram reações no Brasil. Deputados como Gustavo Gayer (PL-GO) e Eduardo Bolsonaro (PL-SP) estão coletando assinaturas para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a possível interferência. Segundo Gayer, o objetivo é convocar ONGs, autoridades e figuras políticas para esclarecer como teriam ocorrido supostas interferências, incluindo a derrubada de canais e perfis durante o período eleitoral.
O debate segue ganhando repercussão tanto no Brasil quanto no exterior, levantando questões sobre a influência de organismos internacionais no cenário político de países latino-americanos.