Ministério da Saúde diz que ainda é alto o número de pessoas com HIV que não fazem tratamento

Ministério da Saúde diz que ainda é alto o número de pessoas com HIV que não fazem tratamento

É revoltante ver que, em pleno 2024, o Brasil ainda enfrenta sérios desafios no combate ao HIV. Durante uma audiência com a Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara, o Ministério da Saúde revelou um dado preocupante: cerca de 8% das 904 mil pessoas diagnosticadas com HIV/Aids no ano passado não estão recebendo o tratamento necessário para reduzir a carga viral. Esse número é alarmante, mas o problema não para por aí. Há também 16% dos pacientes que iniciam o tratamento, mas o abandonam ao longo do caminho.

A meta estabelecida pela Unaids Brasil é ambiciosa: até 2030, 95% das pessoas com HIV/Aids devem estar diagnosticadas, em tratamento e com a carga viral indetectável. No entanto, o Brasil ainda está longe de alcançar essa meta. Atualmente, 90% dos casos são diagnosticados e apenas 81% dos pacientes seguem com o tratamento. A situação é ainda mais grave entre a população trans, onde apenas 15% conseguem manter o tratamento em dia.

O estigma e a discriminação persistem como grandes obstáculos. Ariadne Ribeiro, da Unaids Brasil, destacou que profissionais do sexo, a população LGBTQIA+, pessoas negras e jovens enfrentam preconceitos que dificultam o acesso a informações e tratamentos preventivos. Veriano Terto Jr., vice-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids, lamentou que o estigma em torno das pessoas soropositivas continue a perpetuar a ideia equivocada de que elas são culpadas pela própria condição.

A deputada Erika Kokay (PT-DF), que convocou a audiência, se comprometeu a buscar respostas junto à ministra da Saúde, Nísia Trindade, sobre as razões pelas quais tantas pessoas abandonam o tratamento. “Precisamos entender o que leva esses 16% a desistirem e os 8% a nem sequer iniciarem o tratamento. O que está acontecendo?”, questiona Kokay.

Apesar de uma redução na mortalidade por Aids nos últimos dez anos, caindo de 5,5 para 4,1 mortes por 100 mil habitantes, essa queda de 25% ainda não é motivo de comemoração. A luta contra o HIV/Aids continua, e é inadmissível que tantas vidas estejam em risco por falta de acesso ou continuidade no tratamento. É hora de agir e eliminar de vez o estigma que ainda cerca essa doença.

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