
Ministro Juscelino Filho entrega o cargo após denúncia da PGR e diz sair “em respeito ao povo e ao governo”
Acusado de corrupção enquanto era deputado, ministro das Comunicações deixa o governo Lula dizendo confiar na Justiça e no próprio legado
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, anunciou sua saída do cargo nesta terça-feira (8), após ter seu nome envolvido em uma denúncia formal da Procuradoria-Geral da República (PGR). A acusação, levada ao Supremo Tribunal Federal (STF), refere-se a supostos desvios de emendas parlamentares durante o período em que Juscelino exercia mandato de deputado federal.
“Foi uma das decisões mais difíceis da minha vida pública”, escreveu Juscelino em carta aberta. Ele comunicou ao presidente Lula sua saída do ministério e declarou que a medida foi tomada em nome do projeto de país em que acredita, e não por falta de compromisso.
Segundo fontes do Planalto, o próprio presidente Lula pediu ao ministro que deixasse o cargo para que pudesse focar na sua defesa. A conversa teria ocorrido no início da tarde desta terça-feira, em ligação direta entre os dois.
Na carta, Juscelino destacou a confiança que recebeu de Lula e reafirmou sua inocência. “As acusações que me atingem são infundadas. Confio nas instituições brasileiras, especialmente no STF. A verdade vai prevalecer”, afirmou, garantindo que enfrentará o processo com “serenidade e firmeza”.
Mesmo deixando o ministério, Juscelino afirmou que continuará sua atuação política como deputado federal pelo Maranhão. Disse que sai de cabeça erguida e com a sensação de dever cumprido, citando ações que implementou na pasta, como a ampliação da internet em escolas, projetos de inclusão digital e a implantação da TV 3.0.
O que diz a denúncia
A PGR acusa Juscelino Filho de participar de um esquema de desvio de recursos públicos por meio de emendas parlamentares destinadas à cidade de Vitorino Freire (MA), onde sua irmã era prefeita. A denúncia cita crimes como organização criminosa, peculato, fraude em licitação e corrupção ativa.
Todos os delitos teriam sido cometidos de forma separada, o que pode elevar a pena total em caso de condenação. A relatoria do processo no STF ficará a cargo do ministro Flávio Dino, que abrirá prazo para a defesa antes de levar a denúncia a julgamento.
Se a Corte aceitar a acusação, Juscelino passará à condição de réu e o caso avançará para a fase de coleta de provas e depoimentos.
Quem deve assumir a pasta?
Com a saída de Juscelino, o partido União Brasil — ao qual o ex-ministro é filiado — já se mobilizou para indicar um substituto. O nome mais cotado é o do deputado Pedro Lucas Fernandes (MA), líder do partido na Câmara. A expectativa é que a nomeação seja confirmada nos próximos dias.
Apesar da turbulência, o presidente Lula sinalizou que pretende manter o União Brasil no comando do Ministério das Comunicações, reforçando o peso político da legenda dentro do governo.