Ministro Lupi na berlinda: apadrinhado no INSS cai após escândalo bilionário

Ministro Lupi na berlinda: apadrinhado no INSS cai após escândalo bilionário

Nomeado por Carlos Lupi, presidente do INSS é afastado em meio a operação da PF que revela descontos indevidos nas aposentadorias de milhares de brasileiros.

A crise no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) escancarou os bastidores da política de indicações no alto escalão do governo. O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi quem bancou a nomeação de Alessandro Stefanutto para a presidência do INSS em julho de 2023. Agora, menos de um ano depois, Stefanutto caiu. Foi afastado do cargo nesta quarta-feira (23) após a Polícia Federal deflagrar a operação “Sem Desconto”, que investiga um esquema de descontos indevidos nas aposentadorias e pensões, feito sem o consentimento dos beneficiários.

O presidente Lula, pressionado pela repercussão e gravidade do caso, determinou a demissão de Stefanutto, que acabou pedindo exoneração. Segundo as investigações, o rombo estimado chega a quase R$ 8 bilhões — um golpe silencioso que drenava o dinheiro de aposentados desde 2016, muitos dos quais sequer sabiam dos descontos em seus contracheques. Um verdadeiro pesadelo institucional.

Carlos Lupi, figurinha carimbada no tabuleiro político brasileiro, integra o governo desde o primeiro dia do atual mandato de Lula. Mas sua história com o poder é longa. Já foi ministro do Trabalho nos tempos de Lula e Dilma, e caiu em 2011 em meio a uma “faxina” de escândalos no ministério. Na época, enfrentou denúncias de irregularidades em convênios com ONGs e uso de jatinhos de empresários ligados a seu ministério — acusações que ele sempre negou.

Natural de Campinas (SP), mas com carreira política fincada no Rio de Janeiro, Lupi foi deputado federal, tentou o Senado em 2014 e presidiu o PDT por quase duas décadas, desde a morte de Leonel Brizola. Durante o governo Bolsonaro, fez oposição firme à Reforma da Previdência, e o partido chegou a punir parlamentares que apoiaram a proposta.

Ao comentar o afastamento de Stefanutto, Lupi tentou segurar as pontas: “A indicação é da minha inteira responsabilidade”, disse. E completou que o ex-presidente do INSS era um servidor exemplar, participante do grupo de transição do atual governo. Mas a PF pensa diferente.

A operação revelou que 97,6% dos beneficiários que tiveram descontos em folha nunca autorizaram os débitos. O esquema, que teve origem ainda no governo Temer, foi apenas se aprofundando ao longo dos anos, até explodir agora.

A demissão de Stefanutto — e a sombra que ela lança sobre Carlos Lupi — é mais um capítulo da novela das nomeações políticas no Brasil, em que lealdade partidária parece, muitas vezes, pesar mais do que competência ou integridade.

Compartilhe nas suas redes sociais
Categorias
Tags