Ministros de extrema direita de Israel são alvo de sanções inéditas de cinco países ocidentais

Ministros de extrema direita de Israel são alvo de sanções inéditas de cinco países ocidentais

Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Noruega bloqueiam bens e proíbem entrada de Ben-Gvir e Smotrich por incitarem violência contra palestinos

Do outro lado do mundo, cinco nações — Reino Unido, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Noruega — uniram forças para aplicar uma dura repreensão diplomática contra dois dos principais ministros de extrema direita do governo israelense. Itamar Ben-Gvir, da Segurança Interna, e Bezalel Smotrich, das Finanças, foram punidos por declarações e atitudes que incitam à violência contra palestinos e promovem abusos aos direitos humanos.

A decisão conjunta, anunciada nesta terça-feira (10), proíbe a entrada dos ministros em qualquer um dos cinco países e congela todos os seus bens localizados nesses territórios. Em nota oficial, os ministérios de Relações Exteriores dessas nações afirmaram que os dois líderes “promoveram o extremismo violento e contribuíram para sérias violações dos direitos humanos dos palestinos”.

A medida gerou protestos imediatos por parte do governo de Israel. Gideon Saar, chanceler israelense, classificou a sanção como “inadmissível” e declarou que o gabinete de Netanyahu discutirá uma resposta nos próximos dias. Para ele, punir autoridades eleitas “é ultrajante”.

Ben-Gvir e Smotrich fazem parte da ala mais radical do governo mais à direita da história israelense. O histórico dos dois é marcado por declarações inflamadas. Smotrich já afirmou que deixar os palestinos morrerem de fome em Gaza pode ser “moralmente justificável”. Já Ben-Gvir chegou a elogiar colonos acusados de assassinar um adolescente palestino. Recentemente, ele também provocou tensões ao adentrar a Esplanada das Mesquitas — espaço sagrado para os muçulmanos — durante uma marcha nacionalista em Jerusalém.

A declaração das cinco nações também destacou a crescente violência de colonos israelenses e a expansão de assentamentos na Cisjordânia como fatores que comprometem a estabilidade da região. Em paralelo, os países reforçaram apoio à criação de dois Estados — um judeu e um palestino — e pediram cessar-fogo imediato em Gaza, além da libertação de reféns mantidos pelo Hamas e a exclusão do grupo da futura administração local.

A reação não ficou restrita ao governo israelense. Benny Gantz, ex-ministro da Defesa e voz do centro político israelense, também condenou as sanções, mesmo sendo crítico dos ministros. Para ele, a medida “reforça o terrorismo internacional” e desvia o foco de “inimigos reais, como o Irã e o Hamas”.

A articulação das sanções levou semanas de negociações e foi impulsionada após duras críticas feitas pelo Reino Unido, Canadá e França no mês passado sobre a condução da guerra em Gaza. No entanto, a França decidiu não aderir à penalização formal, revelando divisões internas entre os aliados ocidentais sobre como lidar com Israel neste momento.

No Parlamento britânico, o ministro David Lammy foi direto: “É extremismo. É perigoso. É repulsivo. É monstruoso”. Ele ainda anunciou a suspensão de negociações comerciais com Israel e denunciou as falas de Smotrich sobre a “limpeza” de Gaza como um alerta à comunidade internacional.

Enquanto isso, Smotrich minimizou a punição afirmando que continuará “construindo” assentamentos. Ben-Gvir reagiu com uma citação bíblica: “Vencemos o Faraó, venceremos o Muro de Keir Starmer”, numa alusão provocativa ao primeiro-ministro britânico.

A crise diplomática segue aberta — e o sinal emitido por essas cinco nações pode ser apenas o começo de um novo isolamento internacional para os rostos mais radicais do governo de Benjamin Netanyahu.

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