Moraes já possuía dados que indicavam Filipe Martins no Brasil antes de autorizar sua prisão

Moraes já possuía dados que indicavam Filipe Martins no Brasil antes de autorizar sua prisão

Investigação da PF se contradiz sobre viagem do ex-assessor aos EUA

Mais de três meses antes de ordenar a prisão de Filipe Martins, com base em uma suposta viagem aos Estados Unidos em 30 de dezembro de 2022, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), já tinha acesso a dados de geolocalização que mostravam que o ex-assessor da Presidência para Assuntos Internacionais estava no Brasil nessa data.

Segundo as investigações da Polícia Federal (PF), Martins embarcou para Orlando, na Flórida, junto com a comitiva do então presidente Jair Bolsonaro. Essa viagem foi utilizada para sustentar a tese de que ele teria tentado fugir da Justiça em meio a uma investigação sobre um suposto golpe de Estado. No entanto, um relatório da PF apresentou contradições em relação à viagem de Martins.

Desde a prisão do ex-assessor, sua defesa tem reunido provas que contestam as conclusões da PF. Documentos obtidos revelam que, ao levantar o sigilo da colaboração de Cid e de outros documentos, despachos judiciais indicam que Moraes já tinha em mãos dados da operadora TIM e do aplicativo Uber desde outubro de 2023. Em julho do mesmo ano, a Revista Oeste divulgou comprovantes obtidos pela defesa, os quais já haviam sido requisitados pelo ministro meses antes, conforme suas próprias decisões.

Documentos e decisões de Moraes sobre Filipe Martins

Em 24 de outubro de 2023, Moraes emitiu ofícios para obter informações detalhadas sobre o paradeiro de Martins. Ele determinou a quebra do sigilo de Estação Rádio Base (ERBs), ligações, conexões de dados e histórico telefônico do ex-assessor e de outros investigados.

Quatro dias depois, em 30 de outubro de 2023, o ministro registrou em despacho: “A PF, com objetivo de verificação da plausibilidade das informações trazidas, representou pelo afastamento do sigilo de ERB, ligações, conexões de dados e histórico de portabilidades dos terminais telefônicos de Amauri Feres Saad, Filipe Garcia Martins Pereira e José Eduardo de Oliveira e Silva, além do fornecimento dos seus extratos telefônicos, relativos ao período de 1º de junho de 2022 a 3 de outubro de 2023. Em decisão de 24 de outubro de 2023, deferi os requerimentos formulados pela autoridade policial, encampados pela Procuradoria-Geral da República.”

Diante das inconsistências no caso, a defesa de Martins recorreu a organismos internacionais para denunciar possíveis violações de direitos humanos, argumentando que a privação de liberdade do ex-assessor foi usada com motivações políticas.

Posição do STF

A Revista Oeste entrou em contato com o gabinete do ministro Alexandre de Moraes para esclarecer por que ele determinou a prisão de Martins com base na suposta viagem aos EUA, se já possuía dados que apontavam sua localização no Brasil. Até o momento, o gabinete não se manifestou, mas o espaço permanece aberto para esclarecimentos.

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