
Moraes mantém interrogatórios abertos e ignora pedido de sigilo feito por aliados de Bolsonaro
Defesa de Braga Netto falou em “espetáculo midiático”, mas STF reforça que transparência é a regra; depoimentos de Bolsonaro e outros envolvidos no plano golpista começam hoje
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou o pedido feito pelos advogados do general Walter Braga Netto para que os interrogatórios no caso da tentativa de golpe em 2022 fossem realizados longe dos olhos do público. Com isso, segue mantida a transmissão ao vivo das audiências pela TV Justiça, como já estava previsto.
Na decisão, Moraes argumentou que a defesa não apresentou nenhum indício concreto de prejuízo causado pela publicidade das sessões. Ele deixou em aberto, no entanto, a possibilidade de rever essa decisão futuramente, caso surjam elementos sólidos que justifiquem o sigilo em novas fases do processo.
Os interrogatórios, que começam nesta segunda-feira (9), marcam uma nova etapa no julgamento dos acusados de participar do suposto esquema golpista que visava impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os primeiros a prestar depoimento estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Braga Netto e outros seis nomes apontados pela Procuradoria-Geral da República como parte do núcleo central da conspiração.
A defesa de Braga Netto acusou o STF de promover uma “espetacularização” do processo com a transmissão ao vivo, alegando que isso poderia ferir direitos dos réus. Moraes, no entanto, foi categórico: segundo ele, a transparência é um princípio constitucional, e a simples exposição midiática não caracteriza violação de garantias individuais.
A abertura dos depoimentos ao público reforça a estratégia do STF de lidar com o caso de forma transparente, especialmente num contexto de forte polarização política. A visibilidade das audiências deve aumentar a pressão sobre os envolvidos e alimentar o debate público em um momento sensível, a pouco mais de um ano das eleições presidenciais de 2026.
Além disso, a nova fase processual é vista como decisiva para consolidar provas e estabelecer as responsabilidades dos principais nomes envolvidos na tentativa de subversão da ordem democrática.
Com o tribunal no centro das atenções e os holofotes voltados para os réus, o julgamento dos acusados da tentativa de golpe promete intensificar o clima político nos próximos meses.