Moraes mantém sigilo relatório da Abin que o liga ao PCC
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), optou por manter em sigilo um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que tenta estabelecer uma associação entre ele e o grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC). Esse documento foi mencionado três vezes na decisão que fundamentou a Operação Vigilância Aproximada, realizada contra o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) no dia 25 de janeiro.
A operação investiga um suposto esquema de espionagem de autoridades sem autorização judicial dentro da Abin, quando Ramagem ocupava o cargo de diretor-geral. A agência utilizava um programa israelense para monitorar celulares e tablets, gerando relatórios sobre os alvos.
O arquivo, denominado “Prévia Nini.docx”, busca “associar deputados federais, o relator Alexandre de Moraes e outros congressistas à organização criminosa PCC”, de acordo com o despacho do ministro. O relatório é atribuído à operação da Abin chamada “Portaria 157”, composta por cinco membros da agência no período de 2019 a 2021.
Moraes afirmou que a atuação desse grupo representa uma evidência de instrumentalização da Abin. O objetivo inicial seria obter informações sobre uma ONG eventualmente vinculada ao PCC, mas, segundo a Abin, as ações apresentavam um “viés político de grave ordem”, conforme destacado pelo ministro.
A Operação Vigilância Aproximada cumpriu 21 mandados de busca em Brasília, Minas Gerais e no Rio de Janeiro. A investigação aponta que, sob a gestão de Ramagem, a Abin forneceu informações sigilosas aos filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado negou favorecimento à família de Bolsonaro e qualquer autorização para o uso indevido das ferramentas da agência de maneira ilegal.