Moraes perde a paciência e ameaça silenciar advogado: “Isso aqui não é palanque de circo”

Moraes perde a paciência e ameaça silenciar advogado: “Isso aqui não é palanque de circo”

Clima esquenta em audiência do STF sobre tentativa de golpe; ex-comandante do Exército diz que Bolsonaro foi avisado que Forças Armadas não interfeririam na eleição

Durante o primeiro dia de audiências no Supremo Tribunal Federal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado, o clima esquentou. O ministro Alexandre de Moraes perdeu a paciência com o advogado de Anderson Torres, Eumar Novacki, e ameaçou cortar seu microfone em plena sessão.

Novacki fazia perguntas ao general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, sobre documentos que teriam sido discutidos em reuniões a respeito do suposto golpe. O general confirmou sem certeza se os papéis apresentados em momentos distintos eram os mesmos, mas afirmou que o conteúdo parecia semelhante. Disse também que não sabia quem escreveu os documentos e que só teve acesso a uma apresentação superficial, sem cópia.

Incomodado com o rumo das perguntas, Moraes alegou que o advogado estava repetindo os mesmos questionamentos e disparou: “Aqui não é circo. Não vou permitir esse tipo de espetáculo no meu tribunal”. O ministro ainda avisou que cortaria o microfone de Novacki se ele insistisse em tentar “induzir a testemunha”.

General afirma que Bolsonaro “concordou” com posição do Exército sobre não agir contra eleições

Em seu depoimento, Freire Gomes revelou que avisou Bolsonaro de que o Exército não tomaria nenhuma medida para interferir no resultado da eleição de 2022 — e que o então presidente “concordou” com a decisão. A fala ocorreu em uma reunião no dia 7 de dezembro daquele ano, onde Bolsonaro teria apresentado uma minuta de decreto que sugeria revisão do resultado eleitoral. O general, no entanto, negou que a reunião tivesse caráter golpista.

Freire relatou que o conteúdo do documento fazia referência, de forma genérica, a GLO (Garantia da Lei e da Ordem), estado de defesa e estado de sítio — mas sem detalhamento nem instruções concretas. Segundo ele, não houve qualquer ordem para ação por parte de Bolsonaro.

STF começa a julgar militares acusados de tentativa de golpe

Nesta terça-feira (20), o STF inicia o julgamento do chamado núcleo 3 da investigação sobre a tentativa de golpe, envolvendo militares e um agente da Polícia Federal. O grupo é o último dos quatro núcleos investigados, sendo composto por 12 réus, entre coronéis, generais da reserva e um agente da PF. A Primeira Turma da Corte já aceitou denúncias contra 22 envolvidos nos outros núcleos.

Pacheco defende limite de mandato para ministros do STF

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), voltou a defender um tempo de mandato fixo para ministros do STF. A proposta, apresentada em 2019, prevê até 8 anos de permanência no cargo. Para ele, o modelo atual, que permite décadas de atuação, precisa ser revisto em nome da estabilidade institucional. Pacheco também propôs o fim das decisões monocráticas, sugerindo que somente o plenário possa suspender ações do Executivo ou do Legislativo.

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