
MST Intensifica Protestos: Fazendas e Ferrovia Bloqueadas em Pressão ao Governo Lula
Movimento cobra avanços na reforma agrária e mobiliza centenas em diferentes estados
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realizou novas ações nesta terça-feira (3), invadindo duas fazendas em Pedras Altas, no Rio Grande do Sul, e bloqueando a Estrada de Ferro Carajás, em Parauapebas, no Pará. Em Porto Alegre, cerca de 200 integrantes do movimento seguem em vigília no prédio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Ações coordenadas e cobranças ao Planalto
As ações fazem parte da mobilização batizada de “Natal com Terra”, cujo objetivo é pressionar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acelerar a reforma agrária. O MST denuncia que cerca de 1.500 famílias acampadas no Rio Grande do Sul aguardam por assentamento há mais de uma década.
Em nota, o MST-RS exige rapidez nas vistorias e aquisições de terras pelo governo, destacando o abandono de promessas de campanha. A liderança do movimento já havia manifestado insatisfação com as propostas apresentadas por Lula, alegando falta de compromisso concreto com a pauta.
Invasões no RS e interdição no PA
No Rio Grande do Sul, cerca de 170 famílias saíram do acampamento Sebastião Sales, localizado em Hulha Negra, e ocuparam as fazendas Nova e Santa Angélica, conhecidas por sua criação de cavalos e gado. As propriedades são símbolos da resistência ruralista e agora palco do conflito entre o MST e grandes produtores.
No Pará, o bloqueio na Estrada de Ferro Carajás, rota estratégica para o transporte de minério de ferro, reforça a amplitude nacional das manifestações. O movimento promete intensificar as ações nos próximos dias caso não haja avanços concretos nas negociações com o governo federal.
Reação à demora na reforma agrária
As mobilizações reacendem a tensão entre o MST e o governo Lula, expondo os desafios do Planalto em equilibrar interesses do agronegócio e demandas dos movimentos sociais. Enquanto o Planalto busca uma saída negociada, o movimento deixa claro que não pretende recuar sem resultados tangíveis.
Essas ações, como já visto no “Abril Vermelho” deste ano, mostram a persistência do MST em manter a reforma agrária no centro do debate político. O governo, por sua vez, enfrenta uma crescente pressão de todos os lados, com uma base de apoio cada vez mais fragmentada.