
Na contramão da bancada bolsonarista, quem são os deputados do PL que se recusaram a apoiar a anistia do 8 de Janeiro
Apesar da pressão e dos 262 apoios ao pedido de urgência, alguns parlamentares do PL escolheram não endossar a tentativa de passar a borracha nos crimes de 8 de janeiro
Em meio à corrida para aprovar com urgência a proposta que concede anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro, um movimento que vem sendo encabeçado por nomes ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, alguns parlamentares do próprio Partido Liberal (PL) resolveram não entrar.
O pedido de urgência para o projeto foi protocolado nesta segunda-feira (14) pelo líder do partido na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), com 262 assinaturas, número suficiente para acelerar a tramitação da proposta sem precisar de votação em plenário. No entanto, algumas ausências chamaram atenção.
Entre elas, a do deputado Antônio Carlos Rodrigues (PL-SP), único da bancada que, de fato, não assinou o requerimento por opção própria. Outro nome que aparece como ausente é o de Robinson Faria (RN), mas sua assessoria esclareceu que ele já não faz mais parte do PL, tendo migrado para o Republicanos em dezembro de 2024.
Há ainda os casos dos próprios líderes Sóstenes Cavalcante e coronel Zucco (RS), que também não tiveram suas assinaturas consideradas válidas porque assinarem o documento como líderes, e não como deputados — uma formalidade que, no papel, os exclui da lista oficial de apoiadores, mas que não representa discordância política.
Com isso, na prática, o nome que realmente rompe com o coro bolsonarista dentro do PL é o de Antônio Carlos Rodrigues. E a posição não parece ser um acaso. Ex-ministro dos Transportes durante o governo Dilma Rousseff e declaradamente próximo de Alexandre de Moraes, ministro do STF que conduz os inquéritos sobre os ataques de janeiro de 2023, Rodrigues já fez elogios públicos à atuação firme do magistrado, algo raro entre seus colegas de legenda.
Eleito por São Paulo com pouco mais de 73 mil votos, o deputado tem uma trajetória longa na política paulista, com passagens pela Câmara Municipal da capital, pelo Senado e até por cargos no Executivo. Mesmo filiado ao PL, seu perfil destoa do núcleo mais radical do partido.