Na contramão do Congresso, governo Lula chama MST para planejar safra

Na contramão do Congresso, governo Lula chama MST para planejar safra

Presidente da Frente Parlamentar Invasão Zero lamenta que movimento vá discutir destinação de mais de R$ 70 bilhões

Contrariando o Congresso, o governo Lula convidou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para participar do planejamento do Plano Safra 2024/2025. O Presidente da Frente Parlamentar Invasão Zero lamenta que o movimento tenha influência sobre a destinação de mais de R$ 70 bilhões. “Lula demonstra todo o seu amor e respeito pelo Agro brasileiro”, ironizou Bolsonaro.

Em mais uma demonstração de apoio ao setor agrícola, o governo federal convidou o MST para ajudar a decidir o destino de R$ 70 bilhões do Plano Safra 24/25. Desafiando recentes decisões do Congresso Nacional, o Executivo parece, mais uma vez, demonstrar pouco apreço pelo setor do agronegócio, que é crucial para a economia nacional. Para o Presidente da Frente Parlamentar Invasão Zero, é lamentável que um movimento como o MST tenha voz na destinação de mais de R$ 70 bilhões. Considerado por alguns como um movimento terrorista, o MST tem sido responsabilizado por uma série de conflitos agrários desde a posse do Presidente Lula (PT), com mais de 100 invasões de terras públicas e privadas registradas nesse período. Sem ações para coibir tais atividades, o governo continua a ceder às pressões do grupo.

O governo federal incluiu o MST no grupo que elabora o Plano Safra da Agricultura Familiar (Pronaf) 2024/2025, destinando mais de R$ 70 bilhões para apoiar pequenos agricultores, apesar das tentativas recentes do Congresso Nacional de reduzir a influência do MST na política nacional. As informações foram divulgadas pela Revista Veja em primeiro de junho. Ainda segundo a reportagem, o MST foi convocado em um momento de crescente pressão legislativa contra o movimento. Recentemente, o Congresso derrubou um veto presidencial que beneficiaria o MST, restabelecendo a proibição de financiamento público para ações que poderiam incentivar a ocupação de terras privadas.

O deputado Luciano Zucco (PL-RS), ex-presidente da CPI do MST e atual líder da Frente Parlamentar Mista Invasão Zero, criticou duramente a relação entre o governo e o movimento, acusando o PT de ignorar as ilegalidades associadas ao MST. “Mesmo com o MST cometendo toda sorte de crimes e irregularidades, o PT jamais se afastará ou punirá o movimento”, afirmou Zucco. Recentemente, a Câmara dos Deputados aprovou uma medida que impede invasores de terras de participar de programas de assistência social, como o Minha Casa, Minha Vida. Esse projeto ainda precisa ser examinado pelo Senado.

Durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), o MST teve dificuldades de acesso ao Pronaf, com cerca de 70% de seus membros enfrentando barreiras burocráticas que limitavam o alcance do programa em diversas regiões. No entanto, com a eleição de Lula para um terceiro mandato, houve um aumento de 34% no crédito disponibilizado pelo Pronaf em relação ao ciclo 2022-2023, beneficiando comunidades indígenas, quilombolas e assentados da reforma agrária. Para o ex-presidente Bolsonaro, “Lula demonstra todo o seu amor e respeito pelo Agro brasileiro”, ironizou nas redes sociais, acrescentando que “ainda há muito a ser enfrentado”.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário defendeu a inclusão do MST e outras entidades no grupo do Pronaf, destacando “a relevância das organizações representativas” no setor e a necessidade de uma política nacional que aborde a volatilidade dos preços e a insegurança alimentar. Além do MST, o grupo de trabalho do Pronaf inclui entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Brasil (Contaf) e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA). Uma das poucas organizações não alinhadas com essas visões e que participa das discussões é a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB).

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