“Não houve plano de golpe”, diz general Paulo Sérgio em depoimento ao STF

“Não houve plano de golpe”, diz general Paulo Sérgio em depoimento ao STF

Ex-ministro da Defesa afirma que alertou Bolsonaro sobre riscos à democracia e pede desculpas por críticas ao TSE

Os depoimentos finais do chamado “Núcleo 1” da tentativa de golpe chegaram ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10). Entre os ouvidos pelo ministro Alexandre de Moraes estava o general Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa no governo Bolsonaro. Em sua fala, ele negou ter participado de qualquer discussão sobre um decreto de ruptura institucional com o ex-presidente ou com os comandantes militares.

Paulo Sérgio declarou que, na época, chegou a advertir Bolsonaro pessoalmente sobre os riscos de medidas como estado de defesa ou estado de sítio:

“Depois da reunião, fui direto ao presidente e disse da gravidade, das consequências que uma decisão desse tipo poderia ter. Era uma conversa entre militares, mas deixei claro meu alerta”, relatou o general.

Apesar disso, o ex-ministro reconheceu que houve sim conversas sobre um possível uso da GLO (Garantia da Lei e da Ordem) após o resultado das eleições, medida que, segundo ele, poderia ser considerada legítima em determinados contextos.

O general também aproveitou o depoimento para se desculpar com o ministro Alexandre de Moraes por ataques anteriores ao TSE e ao sistema eleitoral:

“Quero pedir desculpas pelas declarações que fiz naquele momento. Usei palavras erradas e jamais quis colocar o TSE como inimigo”, afirmou.

Outro nome importante a prestar depoimento foi o general Walter Braga Netto, que foi vice de Bolsonaro na chapa presidencial de 2022. Ele negou envolvimento em repasses de dinheiro ao ex-ajudante de ordens Mauro Cid — segundo a PGR, os valores seriam destinados a militares ligados a planos de sequestro e assassinato de autoridades. Braga Netto, que está preso no Rio de Janeiro, também negou ter incentivado ataques aos comandantes militares que se opuseram a qualquer tentativa de golpe.

Com o encerramento dos depoimentos dos oito réus ligados ao núcleo central da trama golpista, o julgamento do caso deve acontecer no segundo semestre deste ano — um capítulo decisivo para esclarecer os bastidores da crise institucional que marcou o fim do governo Bolsonaro.

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