“Não seremos intimidados”, diz Transparência Internacional em segunda nota contra investigação de Toffoli
A J&F alegou ter sido vítima de abusos durante a extinta operação Lava-Jato, mencionando “relações obscuras” entre procuradores, empresários e a ONG Transparência Internacional. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, ordenou uma investigação da ONG na segunda-feira (5), sob a suspeita de apropriação indevida de fundos provenientes de um acordo de leniência celebrado pela J&F.
A Transparência Internacional emitiu uma nota em seu site oficial, declarando que “não serão intimidados” pela investigação de Toffoli, refutando as alegações de recebimento de recursos provenientes dos acordos no Brasil. A ordem ministerial busca esclarecer se a ONG recebeu parte dos valores de multas estipuladas nos acordos da Operação Lava-Jato. Toffoli questiona a criação de uma entidade privada para gerir recursos públicos provenientes de multas.
De acordo com informações de um despacho sigiloso, a ONG estaria encarregada de administrar R$ 2,3 bilhões destinados a “investimentos sociais” sem a supervisão adequada dos órgãos de fiscalização e controle do Estado.
O ministro Toffoli tem envolvimento pessoal nos casos, tendo concedido à J&F a suspensão do pagamento de uma multa de R$ 10,3 bilhões referente à Operação Greenfield no final do ano passado. Ele justificou sua decisão alegando pressão abusiva por parte do Ministério Público Federal para aceitar o acordo e confessar crimes.
Além disso, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou recurso contra a decisão de Toffoli que suspendeu o acordo de leniência entre J&F e o Ministério Público Federal, solicitando que o caso seja julgado por outro ministro ou que Toffoli reconsidere sua decisão. Gonet destaca que os casos da Odebrecht e J&F são distintos e independentes, e a dificuldade de acesso ao conteúdo probatório da leniência da Odebrecht não se aplica à J&F.
A Transparência Internacional reforçou que não recebeu nem teria papel na gestão dos fundos provenientes dos acordos e denunciou as retaliações, considerando-as injustas e baseadas em desinformação. A organização afirmou seu compromisso contínuo de combate à corrupção no Brasil.
Essa situação surge após a publicação do Índice de Percepção da Corrupção de 2023 pela Transparência Internacional, que destacou retrocessos na luta contra a corrupção no Brasil. O ministro Toffoli invalidou as provas do acordo de leniência da Odebrecht e suspendeu a multa multimilionária relacionada a esquemas de corrupção, o que foi apontado pela organização como um retrocesso.