“Não vou permitir circo no meu tribunal”, diz Moraes a advogado de Anderson Torres

“Não vou permitir circo no meu tribunal”, diz Moraes a advogado de Anderson Torres

Ministro do STF repreende defensor por insistência nas perguntas e exige respeito durante audiência sobre suposta trama golpista

Durante uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes interrompeu com firmeza o advogado do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, por considerar suas perguntas repetitivas e sem avanço no esclarecimento dos fatos. O episódio ocorreu durante o depoimento do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, arrolado como testemunha de acusação no processo que investiga uma possível tentativa de golpe de Estado.

O advogado Eumar Novacki insistia em questionar Freire Gomes sobre a chamada “minuta do golpe”, documento encontrado na casa de Torres e que supostamente circulava entre autoridades e na internet. O general afirmou que só tomou conhecimento do conteúdo do documento durante o processo judicial.

Mesmo após a negativa da testemunha, Novacki voltou a questionar sobre a possibilidade de confusão quanto ao documento apresentado em reuniões anteriores. A insistência levou Moraes a intervir:
“A testemunha já disse que não pode afirmar com certeza se era o mesmo documento, mas que os pontos centrais eram parecidos. Podemos seguir?”, solicitou o ministro.

Ao ouvir do advogado que queria “o mesmo tratamento dado à acusação”, Moraes reagiu com veemência:
“Doutor, aqui não é lugar de circo. Eu não vou permitir que vossa senhoria transforme meu tribunal num espetáculo. O senhor já foi desrespeitoso ao questionar a necessidade de advertência sobre falso testemunho”, declarou Moraes.

O ministro pediu que o interrogatório seguisse de forma objetiva, lembrando que a repetição exaustiva das perguntas não alteraria o depoimento da testemunha, que já havia sido clara.

Apesar da advertência, Novacki continuou com o interrogatório, alegando que os pontos abordados eram essenciais para a defesa. Ele destacou que o general não conseguiu especificar a data exata de uma reunião com Anderson Torres, tampouco se o encontro ocorreu antes ou depois das eleições de 2022, nem quem mais teria participado.

O caso faz parte de uma ação penal que analisa a atuação do chamado “núcleo 1” da suposta articulação golpista, que tinha como objetivo manter Jair Bolsonaro no poder, mesmo após a derrota nas urnas.

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