
“Ninguém me põe no meu lugar!” — diz Marina Silva após ataques no Senado
Ministra reage a falas machistas em audiência: “Saio dali mais forte. Meu lugar é lutando contra as desigualdades”
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, desabafou após ser alvo de ataques durante uma audiência pública na Comissão de Infraestrutura do Senado. Em entrevista à GloboNews, ela afirmou que, embora tenha se sentido agredida, sai do episódio ainda mais fortalecida.
“Eles tentaram me calar, me constranger… mas não conseguiram. Saí de lá mais forte. E ninguém, absolutamente ninguém, vai dizer qual é o meu lugar”, declarou Marina, visivelmente firme e indignada.
O episódio aconteceu durante uma discussão sobre a pavimentação de uma estrada na Amazônia. A sessão, que deveria tratar de infraestrutura, rapidamente se transformou em palco de falas grosseiras e machistas contra a ministra.
O presidente da comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), chegou a disparar, olhando diretamente para ela: “Se ponha no seu lugar, ministra”. Marina, sem baixar a cabeça, respondeu de pronto: “Meu lugar é trabalhando para combater a desigualdade e construir um modelo de desenvolvimento que gere prosperidade para todos”.
A situação ficou ainda mais tensa quando outro senador, Plínio Valério (PSDB-AM), completou o coro das ofensas dizendo que era preciso separar a mulher da ministra, porque, segundo ele, “a mulher merece respeito, mas a ministra, não”. Um discurso tão misógino que chega a ser difícil de acreditar que tenha sido dito no século XXI — mas foi.
Não é a primeira vez que Plínio Valério ofende Marina. Em março, ele já havia declarado publicamente que tinha vontade de “enforcá-la”. Na ocasião, a ministra também respondeu à altura.
Diante da sequência de ataques, Marina decidiu se retirar da audiência. Mais tarde, revelou que recebeu uma ligação do presidente Lula, que manifestou apoio total à sua postura. “Ele disse que ficou até mais tranquilo depois que me viu saindo daquela sessão. Disse que eu fiz o certo: não aceitar desrespeito”, contou Marina.
O governo classificou o episódio como grave e lamentável, destacando que reflete claramente o machismo estrutural ainda presente na política brasileira.
Mesmo diante das tentativas de silenciamento, Marina deixou claro que não vai recuar. “O meu lugar é lutando por justiça social, é defendendo a Amazônia, é trabalhando para quem mais precisa. E ninguém vai me tirar desse lugar”, concluiu.