No chão da Câmara e em greve de fome, Glauber Braga recebe apoio de aliados e enfrenta possível cassação

No chão da Câmara e em greve de fome, Glauber Braga recebe apoio de aliados e enfrenta possível cassação

Deputado do PSOL protesta há cinco dias contra decisão do Conselho de Ética e segue acampado no Anexo 2. Visitas incluem ministros de Lula, líderes do PT e religiosos.

Há cinco dias em greve de fome e dormindo sobre um colchão no chão do Anexo 2 da Câmara dos Deputados, Glauber Braga (PSOL-RJ) segue em protesto contra o parecer do Conselho de Ética que recomenda a cassação de seu mandato. Desde então, ele tem recebido uma série de visitas — de médicos voluntários a ministros de Estado, passando por aliados próximos e até religiosos.

O protesto, que mistura resistência política e desgaste físico, tem sido acompanhado de perto por sua companheira, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP). É ela quem leva roupas limpas e ajuda a manter alguma rotina mínima de higiene — Glauber toma banho nos banheiros dos servidores e só consome água, soro e isotônicos.

No fim de semana, nomes do alto escalão do governo Lula passaram por lá: a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Sidônio Palmeira (Comunicação) e Lindbergh Farias, líder do PT na Câmara, estiveram no local no sábado. No domingo, foi a vez de Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência) e Cida Gonçalves (Ministério das Mulheres) demonstrarem apoio.

Além dos aliados políticos, Glauber também recebeu a visita de lideranças religiosas, tanto evangélicas quanto de matriz africana, que promoveram um culto ecumênico em apoio à sua permanência no mandato. Até seu filho de três anos, Hugo, foi levado por Sâmia para visitar o pai.

O estopim do protesto foi a decisão do Conselho de Ética, que aprovou, por 13 votos a 5, a cassação de Glauber por quebra de decoro parlamentar. Em abril de 2024, o deputado se envolveu em uma confusão e acabou chutando um militante do MBL. Agora, a decisão está nas mãos do plenário da Câmara, que só votará a cassação caso o presidente da Casa, Hugo Motta (PSB-PB), decida colocar o tema na pauta.

Glauber afirma que recorrerá a todos os meios disponíveis para barrar a decisão, seja no campo legislativo, seja na Justiça. Ele ainda pode solicitar que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) revise o parecer antes de a questão ir ao plenário. Se a cassação for aprovada, ele ficará inelegível por oito anos.

Enquanto isso, o deputado segue firme no chão da Câmara, transformando seu corpo em trincheira e sua permanência ali num grito político – ainda que silencioso e debilitado.

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