
O dia em que o riso virou sentença: Léo Lins é condenado a mais de 8 anos de prisão
Piadas de ódio no palco renderam ao humorista não só polêmica, mas também uma pesada pena de prisão e multa milionária
Tudo começou em maio de 2023, quando a Justiça de São Paulo decidiu tirar do ar o show de stand-up “Perturbador”, de Léo Lins, que estava no YouTube. O vídeo, gravado durante uma apresentação em Curitiba, já tinha mais de 3 milhões de visualizações e viralizou nas redes sociais — não exatamente pelos motivos que um comediante gostaria.
No palco, Léo disparava piadas que atingiam em cheio diversos grupos: negros, idosos, pessoas com deficiência, nordestinos, homossexuais, judeus, evangélicos, soropositivos e povos indígenas. A repercussão foi tão pesada que o Ministério Público entrou em cena pedindo a retirada do conteúdo — e conseguiu.
Na época, o humorista não ficou calado. Fez postagens criticando a decisão, chegou a criar uma contagem regressiva até a remoção do vídeo, mas depois apagou tudo. Defendia que estava sofrendo censura e que aquilo era um ataque direto à liberdade artística.
“O show saiu do ar. Isso abre um precedente perigoso. Se essa decisão se aplica ao meu show, então vale para 95% do stand-up no Brasil. Estão transformando arte em crime”, protestou ele nas redes. Também revelou que recebia dinheiro do YouTube e que seu advogado estava preparando a defesa.
Sem perder o tom debochado, Léo chegou a dizer:
“Se eu for preso, pelo menos meu show segue lotado — já que as cadeias estão superlotadas mesmo.”
Mas o riso virou silêncio na última sexta-feira (31 de maio de 2025), quando a 3ª Vara Criminal Federal de São Paulo bateu o martelo:
Léo Lins foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão em regime fechado, além de uma multa salgada de R$ 1,4 milhão e outros R$ 303,6 mil por danos morais coletivos.
A Justiça considerou ainda mais grave o fato de que tudo foi feito em tom de piada, em momentos de lazer, diversão e descontração — justamente quando deveria haver leveza, e não ofensa.
Apesar da sentença, o humorista ainda pode recorrer. A CNN entrou em contato com sua equipe, mas até agora não teve resposta.