O padre Julio Lancellotti publicou indignação com o anúncio de uma vaga para trabalhar
“Aporofobia institucional”: Padre Júlio Lancellotti denuncia vaga em shopping que queria “sumir com os pobres”
O padre Júlio Lancellotti, conhecido pelo seu trabalho junto à população em situação de rua, usou as redes sociais para denunciar uma vaga de emprego que, segundo ele, escancarava o preconceito social disfarçado de assistência. O anúncio foi feito para uma posição no shopping Pátio Paulista, na região central de São Paulo, e pedia um assistente social que tivesse como função “tirar pedintes do foco do cliente”.
A publicação causou indignação no religioso, que classificou a ação como “aporofobia institucional” — termo que designa a aversão ou rejeição aos pobres. “Isso não é assistência social, é higienismo disfarçado”, escreveu ele ao compartilhar o print da vaga.
Segundo o anúncio, o contratado deveria abordar moradores de rua e depois “acionar uma ação social da prefeitura”. Também era exigido conhecimento em pacote Office para elaboração de relatórios mensais, além de perfil de liderança. A empresa por trás da oferta é a terceirizada Verzani & Sandrini.
Após a repercussão negativa, a empresa alegou que a descrição da vaga foi publicada de forma automática e inadequada, e que não reflete seus valores institucionais. O shopping Pátio Paulista também emitiu nota se isentando da responsabilidade, afirmando que não tinha conhecimento da forma como a vaga foi divulgada e que “preza pelo respeito às pessoas”.
Apesar das notas oficiais, o estrago já estava feito. Para o padre Júlio, o episódio escancara a mentalidade de parte da sociedade que enxerga os pobres como um incômodo visual, e não como seres humanos em sofrimento. “A função do assistente social não é esconder a miséria — é acolher, cuidar, lutar por dignidade”, afirmou o religioso.
“Transformar a pobreza em problema estético é o retrato cruel de uma cidade que esqueceu da compaixão.”
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