
ONGs e Jogos de Interesse: Como a Transparência Internacional Atua no Mundo dos Negócios
Uso de “índices de corrupção” e denúncias internacionais levantam questionamentos sobre interesses ocultos
Na última semana, o Brasil foi alvo de uma denúncia na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), da Organização dos Estados Americanos (OEA). A acusação, que aponta um suposto desmonte das políticas anticorrupção no país, foi feita por Bruno Brandão, líder da Transparência Internacional Brasil. No entanto, por trás da retórica de combate à corrupção, há quem veja uma atuação direcionada que pode impactar negativamente empresas brasileiras em mercados internacionais.
O papel da Transparência Internacional na Lava Jato
Brandão foi uma figura central durante a Operação Lava Jato e, segundo críticos, tentou estruturar uma fundação privada que administraria cerca de R$ 5 bilhões provenientes de multas aplicadas a empresas nacionais. Além disso, sob sua assessoria, aproximadamente US$ 7 bilhões foram desviados para os Estados Unidos e para a Suíça, enfraquecendo o setor empresarial brasileiro.
Para pressionar políticos e membros do Judiciário, o grupo passou a utilizar um “índice de corrupção” pouco transparente, que expunha empresários na imprensa. Entre os alvos dessa estratégia estavam os irmãos Batista, donos da holding J&F, que, durante as investigações, foram forçados a vender empresas, incluindo a Eldorado Celulose.
Interesses comerciais por trás das acusações
A venda da Eldorado Celulose não foi um evento isolado. A Transparência Internacional Brasil contava entre seus membros com Josmar Verillo, empresário do ramo de papel e celulose e, mais tarde, executivo da Paper Excellence, um grupo sino-indonésio interessado na aquisição da Eldorado. Quando o negócio encontrou obstáculos na Justiça, Brandão e seu grupo intensificaram as críticas à J&F, utilizando seu índice de corrupção para influenciar o debate público e fragilizar a posição da holding brasileira.
Conexões entre MPF e Transparência Internacional
Um estudo do constitucionalista Georges Abboud aprofunda essas relações questionáveis, demonstrando como a Transparência Internacional e o Ministério Público Federal (MPF) colaboraram em ações como a Operação Greenfield – que, ao final, contribuiu para a venda da Eldorado. O estudo também revela que a ONG pretendia administrar bilhões de reais em um fundo privado, fruto de acordos negociados no contexto da Lava Jato.
A atuação da Transparência Internacional gerou questionamentos formais. O deputado federal Rui Falcão (PT-SP) apresentou uma notícia-crime apontando possíveis irregularidades na parceria entre a ONG e o MPF. O caso resultou na PET 12.061, que investiga se membros do MPF agiram de forma ilícita e antiética ao transferir recursos bilionários para esse fundo privado.
ONGs, política e mercado: onde termina o idealismo e começam os interesses?
O debate sobre a atuação de ONGs no Brasil ainda está longe de um consenso. Enquanto algumas defendem seu papel no combate à corrupção, outras apontam que determinadas organizações podem estar instrumentalizando essa pauta para atender a interesses econômicos e políticos.
A denúncia de Brandão na OEA e o uso estratégico do índice de corrupção reacendem essa discussão: até que ponto o ativismo dessas organizações está realmente voltado para o bem público e onde começam os jogos de influência que impactam o setor produtivo nacional?