Opacidade em Tempos de Transparência: A Negativa do Governo Lula sobre a Viagem de Janja a Nova York
É com um misto de indignação e perplexidade que observamos a nova dança das cadeiras da transparência no governo Lula. O que deveria ser um exercício de responsabilidade e clareza, com a utilização da Lei de Acesso à Informação (LAI), se transformou em um verdadeiro jogo de esconde-esconde. Desde abril, a Folha de São Paulo tenta, sem sucesso, descobrir detalhes sobre a viagem da primeira-dama, Janja, a Nova York para um evento da ONU, mas, em vez de respostas, recebeu apenas evasivas e contradições.
A curiosidade sobre a estadia de Janja não é só uma questão de fofoca palaciana. O povo merece saber onde estão sendo gastos os recursos públicos, especialmente quando se trata de figuras que ocupam cargos de destaque. E o que encontramos? Uma confusão de informações que mais parece um enredo de novela: primeiro, a assessoria afirma que ela ficou na casa de terceiros; depois, muda a versão e diz que estava na residência oficial brasileira. Quem está realmente cuidando da transparência aqui?
Enquanto isso, o valor total da viagem, que envolveu passagens aéreas que custaram R$ 43,4 mil, continua sendo uma incógnita. E, para piorar, o governo se recusa a responder adequadamente sobre o total de gastos e a quantidade de servidores que acompanhavam Janja. A justificativa? “Informações cuja divulgação possam pôr em risco a segurança de altas autoridades e seus familiares.” Um argumento que, em tempos em que a população clama por clareza, soa mais como um véu para ocultar do que um escudo para proteger.
É revoltante perceber que a opacidade parece ser a nova norma em um governo que se elegeu prometendo mais diálogo e transparência. A Folha teve que se submeter a um verdadeiro labirinto de recursos e prazos, apenas para ver suas demandas sistematicamente ignoradas ou desviadas de maneira burocrática. E o que se esperava como um exercício democrático torna-se uma barreira contra o direito à informação.
Com Janja novamente em Nova York, acompanhando Lula nas reuniões da Assembleia-Geral da ONU, a indignação só cresce. O que há de tão perigoso nas informações sobre a estadia da primeira-dama que precisa ser escondido? O que se tem a temer quando a responsabilidade e a ética devem prevalecer sobre a política? É hora de exigir respostas, não apenas promessas vazias de transparência que, na prática, se tornam mais um capítulo de um roteiro mal escrito de desinformação.