
Organização apoiada por EUA e Israel retoma distribuição de alimentos em Gaza sob críticas severas
Gaza Humanitarian Foundation, sem histórico em crises humanitárias e com ligações controversas, enfrenta acusações de falta de neutralidade enquanto tenta aliviar a fome na Faixa de Gaza
A Gaza Humanitarian Foundation (GHF), uma organização com respaldo dos Estados Unidos e de Israel, anunciou nesta quinta-feira (5) a retomada da distribuição de alimentos na Faixa de Gaza, após ter suspendido as operações no dia anterior por conta de conflitos e episódios violentos que resultaram em mortes de palestinos.
Desde o início de sua atuação, a GHF afirma ter distribuído cerca de 1,4 milhão de refeições para a população local. Contudo, nesta quinta-feira, apenas dois pontos de distribuição na região de Rafah, no sul de Gaza, estavam em funcionamento, depois que todos os locais haviam sido fechados para manutenção no dia anterior. A organização inaugurou recentemente três centros, incluindo um novo ponto que entrou em operação nesta quinta.
Apesar da ação humanitária, a GHF tem sido alvo de duras críticas de diversas entidades, especialmente da ONU, que denuncia a falta de neutralidade da fundação. A Organização das Nações Unidas alerta que a maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza enfrenta risco crescente de fome, agravado pelo bloqueio israelense que dura mais de 11 semanas, impedindo a entrada de suprimentos essenciais pelo território terrestre e marítimo.
A GHF, criada em fevereiro e sediada no estado americano de Delaware — conhecido como um paraíso fiscal — não possui histórico comprovado em gestão de crises humanitárias, o que levanta dúvidas sobre sua legitimidade e transparência. Informações jornalísticas indicam que a organização possui vínculos com duas empresas americanas de segurança, uma delas associada a um ex-agente da CIA, responsáveis pela proteção dos centros de distribuição. No entanto, não há clareza sobre a origem dos recursos que financiam tanto as operações de segurança quanto a entrega dos alimentos.
Enquanto isso, a comunidade internacional acompanha com preocupação os desdobramentos na Faixa de Gaza, marcada por tensões, violência e uma crise humanitária cada vez mais grave.