
Os Aloprados e o ‘Xandão’: Uma Ode Irônica à Democracia no Estilo Lula
Do improviso ao sarcasmo, um retrato da política brasileira no ato dos dois anos de 8/1.
Em um evento que misturou solenidade e descontração, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou os dois anos do fatídico 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes insatisfeitos com o resultado eleitoral decidiram testar a resistência dos vidros do Palácio do Planalto e a paciência do Supremo Tribunal Federal. Cercado de ministros, aliados e ausência notável de chefes dos demais Poderes, Lula aproveitou para reafirmar seu amor pela democracia – e soltar algumas pérolas que só ele sabe como encaixar.
Entre uma crítica séria e uma piada leve, Lula chamou o ministro Alexandre de Moraes de “Xandão”, o apelido informal que parece ter conquistado até mesmo a simpatia do Supremo. “Nunca conheci um ministro com apelido dado pelo povo. Xandão, disso você nunca mais escapa”, disparou o presidente, arrancando risos da plateia, em uma espécie de sessão stand-up política.
Mas o tom ficou mais sério – ou quase. “Escapei de um atentado de aloprados”, disse Lula, referindo-se aos golpistas que, ao invés de assistir ao telejornal ou fazer passeata pacífica, acharam que seria uma boa ideia invadir prédios históricos. “Se tivesse dado certo, o que seria deste país?” Boa pergunta, presidente. Talvez um lugar com menos restaurações milionárias de relógios e pinturas.
Para coroar o evento, Lula fez questão de exaltar a democracia como a “melhor forma de governança” – um sistema tão magnânimo que o permitiu, “um torneiro mecânico sem diploma universitário”, chegar à Presidência. É como se dissesse: “Se até eu consegui, qual é a desculpa dos outros?”.
A ausência dos presidentes do Senado, Câmara e STF foi suavizada com a presença de obras de arte restauradas. Afinal, a democracia pode ser imperfeita, mas o patrimônio histórico precisa estar impecável.
Em tempos de polarização, o evento de 8/1 foi um misto de nostalgia política, discursos inspirados e uma boa dose de ironia – uma receita que só Lula e o “Xandão” poderiam oferecer.