
Pai de santo de Anitta aparece em ato bolsonarista e surpreende seguidores
Sérgio Pina, líder espiritual da cantora, esteve na manifestação na Av. Paulista, levantando questionamentos sobre a mistura entre fé, fama e política
No meio da multidão que tomou conta da Avenida Paulista neste domingo (6) para apoiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, uma presença chamou atenção: Sérgio Pina, o pai de santo de Anitta e responsável pelo terreiro que a cantora frequenta há mais de uma década em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
A cena surpreendeu quem acompanha a trajetória de Anitta, artista que já se posicionou publicamente contra a intolerância religiosa e que, inclusive, trouxe o próprio Sérgio Pina para o centro das atenções em seu videoclipe “Aceita”, lançado em maio de 2023. No clipe, Pina participa de rituais do candomblé ao lado da cantora, numa defesa clara da fé e da ancestralidade.
Sérgio entrou na vida de Anitta em 2013, quando ela estourou nas paradas com o hit “Show das Poderosas”. Na época, a artista foi ao terreiro agradecer pelas conquistas e, desde então, mantém uma relação estreita com o local — embora visite de forma discreta, sem alardes ou registros.
A aproximação da cantora com a religião veio por influência do pai, Mauro, e do irmão, Renan. Já a mãe, Miriam, católica fervorosa, não gostou muito da escolha, mas respeitou a decisão da filha. Com o tempo, Anitta se mostrou cada vez mais conectada à espiritualidade do candomblé e passou a compartilhar parte dessa vivência com os fãs.
Em uma das publicações mais marcantes, ela celebrou seu orixá, Logun Edé, com um texto poético que exalta juventude, sabedoria e força — elementos que moldam sua personalidade artística e espiritual:
“Sou o equilíbrio entre os mundos. Sou o combate à humilhação dos subalternizados. Ousadia é meu nome contra os que negam dignidade aos jovens pretos”, escreveu.
A presença de Sérgio Pina no ato de Bolsonaro, no entanto, gerou estranhamento entre admiradores da artista e defensores do candomblé, religião constantemente atacada por setores religiosos ligados ao bolsonarismo. O episódio levanta questões delicadas sobre coerência, espiritualidade e posicionamentos políticos dentro e fora dos terreiros.