PCC comprou hotéis “a preço de banana” e usou porteiros e faxineiros como laranjas
Na última semana, a Polícia Civil de São Paulo interditou 28 hotéis que, de acordo com investigações, estavam sob o controle do PCC (Primeiro Comando da Capital), a principal facção criminosa do estado. A ação foi realizada em parceria com a Subprefeitura da Sé. No entanto, esses estabelecimentos interditados são menos da metade dos 78 hotéis que estão sob investigação.
Investigadores, que falaram anonimamente à CNN, explicaram que o PCC comprou hotéis desvalorizados no centro da cidade a preços muito baixos, aproveitando-se da deterioração da área. Alguns desses imóveis foram registrados em nome de membros da facção, enquanto outros estavam no nome de laranjas, como porteiros e faxineiros, que movimentavam grandes quantias de dinheiro em suas contas pessoais.
A operação, denominada Downtown, utilizou dados da Junta Comercial do Estado de São Paulo e do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), uma unidade de inteligência financeira que fornece dados estratégicos para investigações de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro.
A polícia ainda não determinou se os laranjas foram coagidos ou se se beneficiaram das operações criminosas. No entanto, foram emitidos mandados de quebra de sigilo bancário e fiscal contra alguns deles, e 26 contas foram bloqueadas, totalizando mais de R$ 5 milhões.
Segundo a polícia, os hotéis serviam múltiplas funções para os criminosos, incluindo o armazenamento de drogas e armas, esconderijo para bandidos e hospedagem barata para usuários de drogas, cobrando cerca de R$10 por pernoite. Estes hotéis eram uma fachada para a principal atividade: lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas.
A próxima fase da operação irá focar em quatro empresas maiores, para as quais o dinheiro dos hotéis era transferido. Para não comprometer a estratégia, os detalhes dessas empresas não foram divulgados.
Recentemente, a CNN expôs a infiltração do PCC em empresas que movimentam bilhões de reais no transporte público de ônibus e em Organizações Sociais da área da saúde. A Polícia Civil de São Paulo continua suas investigações para cortar as fontes de renda do PCC.