Pela primeira vez na sua trajetória, o Porto de Cargas de Porto Velho suspendeu suas atividades devido à severa seca do Rio Madeira

Pela primeira vez na sua trajetória, o Porto de Cargas de Porto Velho suspendeu suas atividades devido à severa seca do Rio Madeira

As operações no porto voltarão a acontecer assim que a navegabilidade do rio for restabelecida.

Pela primeira vez na história, o Porto de Cargas de Porto Velho está paralisado, e a razão é de cortar o coração: a seca implacável do Rio Madeira. Nesta segunda-feira (23), o rio atingiu o inacreditável nível de apenas 25 centímetros, o menor já registrado. É como se a grandiosidade do rio tivesse evaporado, deixando para trás um cenário desolador de pedras e bancos de areia, o que simplesmente tornou impossível a navegação.

Armadores e operadores portuários tiveram que suspender suas atividades, e com isso, toda a movimentação de mercadorias entre Rondônia e Amazonas foi interrompida. O porto, gerido pela Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia (SOPH), viu sua operação estagnar enquanto os níveis do rio não retornarem a um patamar minimamente navegável.

E quem paga o preço por essa crise hídrica? A economia local, claro. Produtos essenciais como milho, soja, biocombustíveis, alimentos, e até veículos, estão presos em terra firme, sem perspectiva de retomada. Um porto que normalmente movimenta 200 mil toneladas de mercadorias em tempos normais, viu essa estimativa ser cruelmente cortada pela metade para 100 mil toneladas em setembro – e mesmo esse número já virou um sonho distante.

Desde julho, as embarcações enfrentam uma luta diária para navegar. Durante a noite, o rio se torna um campo minado invisível, com a navegação proibida. De dia, o desafio continua, com barcos encalhando ou batendo nas pedras. O próprio DNIT reconhece que o Rio Madeira é uma das artérias vitais da região Norte, com mais de 1.000 km de extensão navegável. Mas de que adianta toda essa extensão se a água simplesmente desapareceu?

Enquanto isso, a SOPH tenta desesperadamente mitigar os danos, enviando bombas para tentar liberar embarcações encalhadas. É como tentar conter uma hemorragia com um band-aid. As autoridades monitoram a crise em conjunto, mas a verdade nua e crua é que a paralisação do porto revela o quanto estamos à mercê dos caprichos da natureza – e o quanto nossas infraestruturas essenciais não estão preparadas para enfrentá-los.

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