Petrobras retoma expansão bilionária da refinaria marcada por escândalo de corrupção

Petrobras retoma expansão bilionária da refinaria marcada por escândalo de corrupção

Com investimento de R$ 4,9 bilhões, estatal contrata empresa envolvida na Lava-Jato para finalizar obras na Abreu e Lima, que dobrará capacidade de refino até 2029

A Petrobras firmou três contratos no valor de R$ 4,9 bilhões para retomar a ampliação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), localizada em Pernambuco. As obras, que haviam sido interrompidas após denúncias de corrupção reveladas pela Operação Lava-Jato, incluem a construção de novas unidades de processamento e devem ser concluídas até 2029.

Os contratos foram assinados com a Consag Engenharia, ligada ao grupo Andrade Gutierrez — investigado na própria Lava-Jato por envolvimento em irregularidades nas obras da refinaria. A Petrobras afirmou que os acordos passaram pelo crivo dos seus mecanismos internos de governança.

Entre os projetos previstos estão a construção da Unidade de Coqueamento Retardado (UCR), da Unidade de Hidrotratamento de Diesel S10 (UHDT-D) e da Unidade de Destilação Atmosférica (UDA), etapas que compõem o chamado “Trem 2” da refinaria.

Esse investimento já está incluído no Plano de Negócios da companhia para o período de 2025 a 2029. A estatal ainda prevê outros contratos complementares, que estão em processo de licitação. Quando finalizada, a refinaria terá sua capacidade de produção duplicada — de 130 mil para 260 mil barris de petróleo por dia — tornando-se a segunda maior do país em volume de refino.

Histórico turbulento

A Refinaria Abreu e Lima foi idealizada no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com uma promessa de parceria com a estatal venezuelana PDVSA, que mais tarde abandonou o projeto. Na época, o custo inicial estava estimado em US$ 2,3 bilhões. Porém, até 2014, quando entrou parcialmente em operação, o investimento já havia ultrapassado os US$ 20 bilhões.

Em 2015, a Petrobras engavetou a expansão da unidade e, anos depois, durante o governo Bolsonaro, tentou vender a refinaria — sem sucesso. Agora, o projeto ganha novo fôlego, apesar de envolver novamente empresas que estiveram no epicentro de um dos maiores escândalos de corrupção do país.

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