
PGR decidirá sobre a denúncia contra Bolsonaro apenas em fevereiro de 2025
Relatório volumoso e recesso do Judiciário atrasam análise do caso pela PGR
O relatório da Polícia Federal (PF) que resultou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outras 36 pessoas por suposto envolvimento em um plano de golpe de Estado dificilmente será transformado em denúncia antes de fevereiro de 2025.
De acordo com um membro da Procuradoria-Geral da República (PGR), o procurador-geral Paulo Gonet ainda precisa examinar mais de 800 páginas do relatório, que inclui acusações de conspiração, além de cruzar os dados com outros inquéritos em andamento, como os relacionados à fraude nos cartões de vacina e às joias sauditas.
Além da complexidade do caso, o recesso do Judiciário, que começa em menos de um mês, também contribui para o adiamento das decisões. O material foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e está atualmente sob análise do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Ele deve formalizar o envio à PGR nos próximos dias.
Caminho da denúncia
O indiciamento pela PF é apenas um dos passos no processo. Após receber o material, a PGR terá três alternativas: apresentar denúncia contra os citados, arquivar o caso ou solicitar mais investigações. Caso a denúncia seja aceita pelo STF, os indiciados se tornam réus e enfrentarão julgamento, podendo ser condenados ou absolvidos.
A expectativa do STF é de que o caso comece a ser julgado ao longo de 2025. Enquanto isso, apoiadores de Bolsonaro já articulam estratégias de defesa, buscando desqualificar o ministro Alexandre de Moraes e retratar o ex-presidente como vítima de perseguição.
Investigações interligadas
O caso do suposto golpe não é isolado. O relatório da PF indica a existência de um plano para destituir a atual liderança do país, com Bolsonaro sendo apontado como o principal beneficiário e o general Braga Netto como articulador. As acusações incluem crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
A demora no avanço do processo reflete a complexidade das investigações e a extensão das acusações, mas também gera frustração entre os que aguardam respostas sobre os desdobramentos desse episódio que ainda ecoa na política nacional.