
PGR enterra apuração sobre imóveis da família Bolsonaro e diz que faltam provas
Investigação sobre compras em dinheiro vivo é arquivada por falta de indícios. Para a PGR, abrir inquérito seria violar a intimidade da família sem base concreta.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) se posicionou na quarta-feira (2) contra a abertura de investigação solicitada pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP) sobre a compra de 51 imóveis pela família Bolsonaro entre 1990 e 2022 — muitos deles, segundo reportagem do UOL, adquiridos com dinheiro vivo.
O pedido do senador foi feito com base nas denúncias publicadas pelo portal, mas a PGR considerou que não há elementos suficientes que justifiquem qualquer apuração formal. Para o vice-procurador-geral da República, Hinderburgo Chateaubriand, o conteúdo apresentado por Randolfe se apoia apenas em reportagens, sem provas concretas que sustentem a suspeita de crime.
Além disso, o documento da PGR aponta que as condutas mencionadas não foram individualizadas — ou seja, o pedido generaliza o suposto envolvimento de filhos, ex-esposas e até da mãe de Bolsonaro, sem esclarecer a participação de cada um nos negócios suspeitos.
Outro ponto citado é que boa parte das transações ocorreu ao longo de mais de três décadas, e muitas delas sequer poderiam ser investigadas atualmente, seja por prescrição ou por falta de conexão com delitos conhecidos. A procuradoria ainda afirmou que a existência de antigas investigações sobre “rachadinhas” envolvendo os filhos do ex-presidente não basta para justificar um novo inquérito por lavagem de dinheiro.
Em resumo, segundo a PGR, abrir uma investigação com base apenas em suposições seria o mesmo que dar início a uma busca aleatória por provas incertas — o que, nas palavras do órgão, representaria uma “violação injustificada à intimidade” da família Bolsonaro.
O histórico do caso
Essa não foi a primeira tentativa de apurar as suspeitas. Em 2022, o ministro André Mendonça, do STF, já havia negado pedido semelhante feito por Randolfe. Na época, o senador queria que Bolsonaro e seus filhos fossem ouvidos, além de pedir buscas em residências, apreensão de celulares e bloqueio de contas.
Mendonça considerou que as acusações se baseavam apenas em uma reportagem — sem qualquer indício que confirmasse o conteúdo do texto. Por isso, entendeu que não havia motivo legal para seguir com a investigação.
O próprio UOL chegou a ter sua reportagem removida do ar, por decisão judicial pedida pelo senador Flávio Bolsonaro, mas o portal recuperou o direito de manter o conteúdo após liminar concedida pelo STF.
Com esse novo parecer da PGR, o caminho para a reabertura do caso fica ainda mais estreito. A procuradoria reforça que os mesmos fatos já haviam sido analisados anteriormente e arquivados pela própria instituição por “falta de elementos concretos”.